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Internacional
Quarta - 29 de Março de 2006 às 12:00
Por: Omar Al Ibadi

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Homens vestidos como policiais iraquianos mataram nove pessoas em um ataque ocorrido dentro de uma loja de equipamentos eletrônicos de Bagdá, na quarta-feira, no mais recente de uma série de ações contra estabelecimentos lucrativos da capital. Em meio à crescente violência sectária, com dezenas de corpos mutilados sendo enviados diariamente aos necrotérios da cidade, também houve nesta semana, em lojas, casas de câmbio e outros estabelecimentos, uma série de ataques e roubos realizados por homens uniformizados.

Na segunda e na terça-feira, 35 pessoas foram sequestradas em quatro ataques, entre as quais dois negociantes de equipamentos eletrônicos e um dono de uma casa de câmbio de onde os agressores também roubaram 50 mil dólares.

O destino das vítimas é desconhecido. Entre os mortos no ataque de quarta-feira, no rico bairro de Mansour (oeste de Bagdá), estavam três mulheres.

Cerca de 30 a 40 corpos, muitos dos quais com tiros na cabeça e marcas de tortura, estão sendo encontrados nas ruas da capital todos os dias, dizem funcionários de necrotérios.

A violência sectária aumentou depois do atentado a bomba contra uma mesquita xiita de Samarra, no mês passado. E as tensões acabaram sendo alimentadas por uma operação conjunta de forças norte-americanas e iraquianas contra um complexo xiita de Bagdá. Na ação, ao menos 16 pessoas foram mortas.

Os militares dos EUA defenderam a operação, mas disseram na terça-feira, pela primeira vez, que parte do complexo atacado poderia ser uma mesquita. Os norte-americanos tinham rebatido acusações de líderes xiitas de que soldados mataram fiéis dentro da mesquita Mustafa.

Na quarta-feira, líderes políticos do Iraque devem retomar as negociações sobre a formação de um novo governo, meses depois das eleições parlamentares de dezembro. Os representantes xiitas regressaram ao processo na terça-feira depois de terem se afastado dele durante um dia para protestar contra a ação na mesquita.

Os EUA aumentaram a pressão para que a liderança iraquiana forme um governo de unidade nacional do qual participem xiitas, sunitas e curdos. Esse governo, segundo os norte-americanos, seria capaz de evitar a eclosão de uma guerra civil no país.

Enquanto a violência sectária aumenta, o número de baixas entre os militares dos EUA parece estar em queda. Dois soldados norte-americanos foram mortos em incidentes separados, na terça-feira, elevando o número total de baixas dos EUA no mês, até agora, para 28, a cifra mais baixa dos últimos dois anos.

IRAQUE CRITICA ''PAÍSES IRMÃOS''

O ministro iraquiano das Relações Exteriores, Hoshya Zebari, acusou os "países irmãos" de não fazer o suficiente para fechar suas fronteiras e de criar uma atmosfera que encoraja os insurgentes a combater as forças lideradas pelos EUA no Iraque.

"O maior apoio aos terroristas não se limita a fornecer apoio material e logístico para eles, mas na criação de uma atmosfera política e de mídia que os acolhe, que propaga e dá apoio a alegações vazias como ''resistência'' ou ''combater à ocupação"'', afirmou.

Zebari, cujas declarações foram feitas no Sudão, durante uma cúpula da Liga Árabe, não nomeou nenhum país. Mas a Síria e o Irã foram acusados no passado de dar apoio a grupos armados no Iraque.

A frustração e a indignação entre os iraquianos também se alimentam do fracasso em fornecer serviços básicos. Eletricidade, redes de esgoto, água tratada e atendimento médico continuam sendo algo para poucos.

Uma importante autoridade norte-americana para a área de reconstrução do Iraque disse que os EUA precisavam se empenhar mais para ajudar o país a assumir o controle sobre essa área.

Stuart Bowen, inspetor-geral especial para a reconstrução, afirmou à Reuters em Washington que identificava sinais de progresso, mas que continuava preocupado com os casos de corrupção e desperdício.

Em um desses casos, uma auditoria mostrou que um projeto de 243 milhões de dólares para construir 150 clínicas de saúde terminaria entregando apenas 20 clínicas.

Em visita à Nova Zelândia, na quarta-feira, o primeiro-ministro da Grã-Bretanha, Tony Blair, disse que a situação no Iraque continuava sendo difícil, mas que não se comparava com a do Vietnã à época da guerra com os EUA.

"Trata-se de uma situação muito difícil. Mas não se trata de um Vietnã", afirmou Blair.





Fonte: Reuters

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