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Internacional
Quarta - 29 de Março de 2006 às 11:50

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O líder do partido Kadima, Ehud Olmert, vencedor das eleições legislativas, começou nesta quarta-feira a explorar as diferentes possibilidades para formar uma coalizão estável que lhe permita governar e aplicar o ambicioso plano de retirada parcial da Cisjordânia. O recém-criado Kadima, que participou pela primeira vez de um processo eleitoral, obteve 28 cadeiras de um total de 120 no Parlamento, seguido dos trabalhistas com 20 deputados, o partido ortodoxo sefardita Shass com 13, o partido de extrema-direita Israel Beiteinu, com 12, e o Likud (direita nacionalista), dirigido por Benjamin Netanyahu, com 11.

O presidente de Israel, Moshe Katsav, informou que iniciará as consultas com os diversos partidos representados no Parlamento no próximo domingo. Em conseqüência dos resultados, Olmert, de 60 anos, será o encarregado de formar um novo governo e substituir o ex-premier, Ariel Sharon. O carismático líder israelense, que fundou Kadima e convocou as eleições antecipadas no final de 2005, tinha grandes planos para Israel, mas suas aspirações políticas acabaram depois que sofreu um derrame cerebral, que o mantém em coma desde janeiro.

Segundo os analistas, Kadima pode formar uma aliança com os trabalhistas, com o partido laico de esquerda Meretz, que conta com quatro parlamentares, e até mesmo com uma formação que representa os aposentados e entrou para a Câmara com sete representantes, além do ortodoxo sefardita Shass. Outros partidos no Parlamento são o Likud, Israel Beiteinu e os minoritários com a União Nacional (ultranacionalistas religiosos), que conseguiu nove cadeiras, o Judaísmo Unificado da Torah (ultraortodoxo), com seis, e as três chapas árabes com um total de 10 deputados.

"Está claro que as eleições de terça-feira não transformaram Olmert em um líder nacional e a credibilidade que o povo concedeu foi limitada", afirma um editorial do jornal Maariv, que destaca a vitória apertada. Para a imprensa israelense, a noite eleitoral marcou a queda de Netanyahu e a ascensão de Avigdor Lieberman (líder do Israel Beiteinu) e dos aposentados.

"Foi a última vingança de Sharon. Ele jaz entre a vida e a morte em uma cama de hospital, mas o Likud está em uma situação similar. Agora começa finalmente a hora de Olmert", afirmou o cientista político Amnon Dankner. Sharon fundou o Kadima em novembro de 2005, depois de uma cisão do Likud, o partido histórico da direita nacionalista israelense. A ala radical desta formação se opôs à retirada das colônia da Faixa de Gaza, um plano impulsionado pelo então primeiro-ministro.

Na terça-feira, depois de saber da vitória, Olmert destacou o desejo de estabelecer novas fronteiras para Israel, mas garantiu que gostaria fazê-lo em harmonia com os vizinhos palestinos, com negociações que também permitam a criação de um Estado para eles. "Estou disposto a renunciar ao sonho de um Grande Israel. Estamos dispostos a abandonar terras onde estão enterrados nossos filhos e a desalojar os judeus que vivem nelas para permitir que vocês realizem seu sonho de ter um Estado palestino", declarou.

No entanto, exigiu que seus vizinhos renunciem primeiramente "ao terrorismo", pois sem isto os israelenses se verão obrigados a adotar medidas totalmente unilaterais. Com estas palavras, o futuro chefe de Governo traduz o sentimento da maioria dos israelenses, que desejam um governo que execute uma retirada parcial da Cisjordânia.

Seguindo a mesma linha aberta por Sharon em Gaza, Olmert propôs durante a campanha acabar com todos os assentamentos situados no exterior do muro de separação que Israel constrói desde 2003 ao longo da Cisjordânia, mas manter os grandes blocos de assentamentos que estão incluídos dentro do traçado. Desta forma, a barreira será uma espécie de fronteira. O governo palestino, dominado pelo movimento islâmico Hamas, se opõe ao fato do Kadima demarcar as fronteiras, mas também se nega a negociar com Israel.

O presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, fez um apelo nesta quarta-feira ao futuro governo israelense para que trabalhe por uma paz negociada. "As eleições israelenses não foram o que muitos esperavam. Houve partidos que ganharam assentos e outros que perderam, mas isso não é o mais importante", declarou Abbas.

"O mais importante será a política deste novo governo, que terá provavelmente o formato de uma coalizão. Este executivo deve mudar de atitude e adotar uma política baseada na paz negociada e na legalidade internacional", declarou. Reunidos em Cartum, capital do Sudão, os líderes árabes afirmaram oficialmente que rejeitam o plano de separação unilateral de Olmert.

"A cúpula rejeita todas as medidas ou soluções parciais e unilaterais que Israel tem executado ou tem a intenção de executar nos territórios palestinos ocupados em 1967, incluindo Jerusalém", afirma a resolução final do encontro. "A cúpula rejeita, em particular, as tentativas de antecipar-se aos resultados das negociações sobre o status final e o plano de um traçado unilateral de fronteira de uma forma que torne impossível a edificação de um Estado palestino independente e soberano", acrescenta o texto.





Fonte: AFP

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