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Politica Brasil
Quarta - 29 de Março de 2006 às 09:29
Por: Marcy Monteiro Neto

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O Partido Progressista (PP) e o Partido Popular Socialista (PPS) divergem sobre a formação da chapa majoritária encabeçada por Blairo Maggi para as eleições deste ano. O PP quer consolidar a candidatura de Pedro Henry ao Senado. Já o PPS defende que todos os partidos aliados lancem seus próprios candidatos. O problema, segundo o presidente regional do PP, deputado estadual Chico Daltro, é que essa atitude pode enfraquecer a aliança e permitir que o grupo adversário conquiste a única vaga em disputa no Senado Federal.

Chico Daltro foi o terceiro líder partidário convidado pelo programa Bom Dia Mato Grosso, da TV Centro América, para uma série de entrevistas sobre o cenário político mato-grossense. Já foram entrevistados esta semana os presidente do PMDB e PPS, Carlos Bezerra e Percival Muniz, respectivamente.

Durante a entrevista desta manhã, Chico Daltro ratificou a intenção do partido em manter a candidatura de Henry ao Senado e afirmou que o partido não se abalou, nem teve a imagem prejudicada, devido às denúncias sofridas por Pedro Henry. O parlamentar também frisou que o PP dará apoio irrestrito a Blairo Maggi na campanha para a reeleição e que não pretende indicar um candidato ao cargo de vice-governador nessa composição.

Confira abaixo a íntegra da entrevista:

BDMT - O PP vai apoiar a candidatura de Blairo Maggi à reeleição assim como fez em 2002?

Chico Daltro - Vai. Essa é a posição do PP em Mato Grosso, de estar na coligação apoiando a reeleição do governador.

Isto já está decidido? Não há a possibilidade de se coligar, por exemplo, com o PSDB?

O PP já tem a decisão de participar da coligação de apoio a Blairo Maggi. Já é um entendimento do partido, do diretório estadual com os diretórios municipais em todo o Estado.

Quais são os acordos para esta aliança? Depende de que?

O PP tem essa intenção, de coligar com o governador Blairo Maggi, e pretende participar dessa coligação com a candidatura ao Senado, do deputado federal Pedro Henry, e também com as chapas de deputado federal e estadual. O PP se preparou para isto, tem candidatos distribuídos em todas as regiões do Estado. As chapas de estadual e federal do PP são duas chapas fortes eleitoralmente e a liderança maior, com a força do deputado federal Pedro Henry, pelo que já demonstrou tanto nas urnas como no seu trabalho, o reconhecimento nos municípios.

O senhor acredita que, pelo fato do PPS também ter a intenção em lançar outro candidato ao Senado, não pode prejudicar uma eventual eleição de Pedro Henry?

Nós já temos a posição declarada, principalmente do próprio deputado Pedro Henry, de que o PP está aberto à construção dessa coligação, não veta a intenção de nenhum partido, de nenhum candidato, e em contrapartida também não espera nenhum veto à pretensão do PP. Mas o conjunto de partidos é que vai construir essa definição. Ter um candidato único ao Senado parece a lógica mais adequada para a disputa em 2006. Mas o conjunto de partidos que formar essa coligação vai ter a responsabilidade de avaliar se convém ter mais de um candidato ao Senado da República ou ter uma candidatura única. Nós do PP entendemos que os partidos que fizerem essa coligação devem se debruçar na equação de ter uma candidatura única ao Senado, que é a mais lógica para a disputa eleitoral deste ano.

Ontem o presidente regional do PPS, Percival Muniz, disse que há a possibilidade de que outros partidos lancem candidaturas ao Senado. Houve algum acordo sobre isso?

Não houve acordo. Não temos nenhum objeção de se iniciar as conversações com a coligação com os partidos possíveis participantes dessa coligação que têm intenção de lançar candidatos. A coligação é que vai ter que definir se a melhor estratégia para vencer a eleição para o Senado será com um candidato ou com mais de um candidato. Essa equação é uma questão transparente que os partidos devem conversar à luz do conhecimento da opinião pública e analisar a estratégia dessa definição. De repente a coligação com vários candidatos ao Senado pode estar facilitando perder a eleição para uma outra coligação de partidos com candidato único. Essa definição, não é o momento dela agora. Temos até 30 de junho para as convenções estaduais, onde se definem os candidatos. A intenção de partidos terem candidatos à mesma vaga deve se dar até 30 de junho, as avaliações para se definir esta estratégia.

Nessa coligação também seria incluído o PDT?

O PP não tem veto a nenhum partido e quer colaborar na construção de uma aliança para a reeleição do governador Blairo Maggi para que haja o maior número de partidos possível.

Vocês subiriam no mesmo palanque?

Do PDT? Sem problema nenhum. O que nós temos que aguardar são as coligações nacionais. Essas sim deverão interferir e influenciar nas possibilidades de uma coligação mais ampliada ou menos ampliada. Não só para a candidatura de Blairo Maggi, mas para qualquer candidatura ao governo do Estado em Mato Grosso, as coligações nacionais poderão delimitar a possibilidade de ter uma coligação com uma aliança maior ou menor.

O PP é partido que tem uma origem que remete à Arena, PDS, PRP e tem uma relação muito forte com o que foi o regime militar. Atualmente ele também tem sido conhecido por algumas figuras como Paulo Maluf e Severino Cavalcante, objetos de denúncias de corrupção e desvio de dinheiro público. Qual o projeto do PP?

O projeto do PP naturalmente é fazer uma renovação, não só de membros do partido como também das propostas do partido.

Esses problemas arranharam a imagem do PP, inclusive a denúncia contra Pedro Henry?

Não entendo assim, porque o PP vem de uma renovação de quadros, inclusive de postura.

Mas o presidente nacional foi cassado no Congresso e continua sendo presidente do partido.

Mas isso há poucos dias. O posicionamento do partido com relação a esses fatos é que já está em andamento dentro do partido.

O senhor acha que ele deveria sair?

Essa decisão vai ser tomada pelo diretório nacional. Não posso te adiantar aqui quais serão os posicionamentos do diretório nacional.

Qual a sua posição como presidente do partido em Mato Grosso?

Em Mato Grosso nós achamos que, em decorrência desse fato ocorrido, deverá ser modificada, renovada a direção nacional do partido. É a expectativa que nós temos individualmente. Logicamente que a decisão será do colegiado nacional.

E a imagem do deputado Pedro Henry, o senhor acredita que ficou arranhada depois das denúncias de envolvimento no suposto mensalão?

Eu tenho certeza que não, principalmente porque o deputado Pedro Henry, nem considero que foi absolvido. Ele foi reconhecido inocente, vítima de uma falsa acusação. Inclusive o acusador reconheceu isso através da imprensa nacional de que o Conselho de Ética agiu corretamente porque ele tinha feito uma falsa acusação por ciúme na disputa de espaço político que ele perdia no Congresso Nacional para o deputado Pedro Henry. Não foi absolvido por falta de provas, não se encontrou nada que pudesse levar sequer a uma leve incriminação do comportamento do deputado Pedro Henry. Um deputado que foi investigado exaustivamente por tantas instâncias apuradoras. Não se encontrou nenhum vestígio que pudesse manchar o comportamento e a postura ética do deputado Pedro Henry. No Estado de Mato Grosso, de norte a sul, leste a oeste, em todos os municípios o nosso partido sempre acreditou nessa postura limpa do deputado Pedro Henry e que está preparado para a campanha. Está energizado o PP em todo o Estado para essa campanha ao Senado.

Em nível nacional, o senhor apoiou a eleição do presidente da Câmara, Severino Cavalcante. Depois ele foi cassado. O senhor mudou de opinião?

Não tive essa opinião. A candidatura de Severino Cavalcante não foi uma candidatura lançada pelo partido, foi uma candidatura de cunho individual que conseguiu no Congresso Nacional, em um momento de indefinições internas daquele plenário, ser uma candidatura eleita por todos os partidos. Nós não tivemos porque exatamente o nosso deputado federal, enquanto líder da bancada tinha, respaldado pela bancada, assumido apoio a outra candidatura para presidente da Câmara. Então, não temos responsabilidade sobre a eleição de Severino Cavalcante para a presidência da Câmara e o seu comportamento lá como presidente.

Segunda parte

O partido cogita a idéia de indicar um nome para concorrer a vice-governador na chapa de Blairo Maggi?

Não. A intenção do PP é somar na aliança para reeleição do governador com a candidatura a senador do deputado Pedro Henry.

Vocês não têm interesse nessa indicação a vice?

Não, o PP não tem esse interesse. O PP vai para a construção dessa aliança com a pretensão da candidatura a senador de Pedro Henry.

Em Mato Grosso sabemos que as micro e pequenas empresas são as responsáveis por gerar o maior número de empregos. O seu partido tem alguma proposta para a geração de emprego e renda em Mato Grosso?

Tem. O PP tem a visão progressista de que o fortalecimento das empresas é uma garantia da geração de emprego.

De que forma isso poderia ser feito?

A discussão da reforma tributária. A carga tributária sobre as empresas no nosso país está impedindo o fortalecimento e a expansão dos investimentos empresariais. Com a viabilização de créditos mais favoráveis aos suporte das empresas e a reforma tributária são pontos que o PP vai discutir com muita força nessa campanha e principalmente na gestão daqueles que forem eleitos pelo PP em nível de Brasil.

Qual a política do seu partido em relação à preservação e ao cuidado com o meio ambiente em Mato Grosso?

A proposta do nosso partido é o equilíbrio. Temos que ter a preservação e também a produção. Tem que se buscar o equilíbrio. Tivemos a autoria de um projeto da questão florestal no Estado. Ele teve o título de Prodeflora, Programa de Desenvolvimento Florestal de Mato Grosso, e que o governo Maggi em 2005 reformulou esse projeto e veio com a denominação de MT Floresta. É exatamente uma proposta muito forte: plantar madeira para abastecer a indústria, uma maneira de preservar a floresta nativa e manter também o desenvolvimento industrial de um pólo importantíssimo não só para Mato Grosso, mas para o mundo. É um mercado muito forte o mercado da madeira. Nós não podemos ficar 100% abastecendo o desenvolvimento industrial desse setor com a floresta nativa. Então, essa produção é importantíssima. Nós temos em Mato Grosso os primeiros projetos de financiamento em andamento e isso será uma substituição importante. O PP tem uma visão clara na questão do meio ambiente.

Que nota os enhor daria ao governo Maggi?

Eu acho que o governador faz uma gestão positiva para o nosso Estado, incrementando o desenvolvimento. O pensamento que o PP tem em avaliar a gestão, e por isso tem a intenção em apoiar a reeleição do governador, é que é uma gestão positiva.

Que nota?

Temos aí um equilíbrio da gestão em várias áreas. Não vemos nenhuma área que possa ter uma nota inferior a oito na gestão do governador Blairo Maggi.

O governador Blairo Maggi tem sido criticado por ter prometido durante a campanha que iria baixar a alíquota do ICMS, por exemplo, em alguns setores e até agora isso não foi feito.

Em relação ao equilíbrio financeiro, à necessidade financeira do Estado. Mas quem pode critica-lo? Quem aumentou os impostos em nível estadual? Quem aumentou em nível federal? A dura realidade da necessidade financeira do Estado ainda mantém essa questão de impostos no nosso Estado. Mas mesmo assim o PP tem uma decisão. Vai para o fórum adequado de discutir isso que é o Congresso Nacional através dos seus eleitos em 2006 para discutir a reforma tributária.

O senhor é candidato a uma vaga na Câmara Federal?

Sou candidato pelo PP a uma vaga na Câmara Federal. Temos cinco candidaturas definidas e temos uma chapa que espera eleger de dois a três deputados federais este ano em Mato Grosso e temos potencial eleitoral para isso.

O senhor acha que será mais difícil conseguir verba para a campanha eleitoral por causa de tantas denúncias nos últimos meses?

Eu acho que essa questão financeira das campanhas tem que ser cada vez mais fiscalizadas e vigiadas, pela opinião pública e principalmente pela justiça eleitoral. Eu acredito que haverá avanços nesse controle de despesas eleitorais na campanha de 2006 e nós apoiamos que esse controle seja cada vez mais rigoroso.





Fonte: RMT Online

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