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Repórter News - reporternews.com.br
Internacional
Sábado - 25 de Março de 2006 às 12:10

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O cessar-fogo anunciado pelo grupo terrorista Pátria Basca e Liberdade (ETA) na Espanha foi possível após numerosos contatos mantidos nos últimos dois anos no País Basco, Madri, Suíça, Alemanha e Noruega, informaram hoje à EFE fontes próximas ao processo.

"É preciso ir a Oslo" para entender os passos que culminaram no cessar-fogo da ETA, em vigor desde sexta-feira passada, disse um analista.

A Noruega teria fornecido um ambiente propício para a aproximação entre os intermediários do Governo e a ETA, devido à experiência adquirida pelo país na mediação de conflitos, como o do Oriente Médio, acrescentou a mesma fonte.

O país nórdico, que colabora com o Centro Carter para a Paz, com base em Atlanta (EUA), desenvolve uma política muito ativa na gestão de conflitos e é um dos países mais comprometidos na construção da paz e da reconciliação no mundo todo.

O jornal "El País" e a rede pública basca de televisão "Euskal Telebista" (ETB) mencionaram também a importância dos contatos na Suíça para garantir o cessar-fogo, ao lado também da atuação da Alemanha.

As fontes consultadas pela EFE disseram que não é o momento de revelar nomes e sobrenomes das pessoas responsáveis pelos contatos e que é preciso tempo para saber o que levou a ETA a tomar esta decisão.

Os fatores que possibilitaram o cessar-fogo se sustentam, segundo as fontes, a partir de "discretos" encontros, alguns deles mantidos na Alemanha e que teriam sido decisivos.

O país teria sido palco de uma parte importante do entendimento, especialmente pela presença de José Antonio Urrutikoetxea, histórico dirigente da ETA, considerado "uma peça-chave no quebra-cabeça", disse uma fonte da luta antiterrorista.

Além dos contatos entre o líder do Batasuna (braço político da ETA que age na ilegalidade), Arnaldo Otegi, e o dirigente socialista basco Jesús Eguiguren, no País Basco, "facilitadores" nos âmbitos político e religioso, e pessoas que já trabalharam na gestão de outros processos de paz, como o da Irlanda do Norte, também tiveram importância no desfecho.

Em 10 de fevereiro, o chefe do Governo espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, afirmou que o momento era propício para esperar "o princípio do fim" da atividade terrorista da ETA, declaração que foi criticada por ter sido considerada precipitada.

"Pelo menos em três ocasiões houve reuniões no País Basco entre pessoas do Batasuna e do entorno do Partido Socialista (PSE-PSOE)", apontou outra fonte conhecedora do processo.

Nos últimos anos, dois sacerdotes próximos ao bispo de San Sebastián, Juan María Uriarte, teriam falado com fontes da ETA para se informarem sobre a viabilidade de uma trégua, acrescentaram as fontes.

Uriarte, que já havia sido mediador entre o Governo de José María Aznar e o grupo armado na Suíça, em 1999, expressou na quinta-feira a disposição da Igreja em contribuir com o processo de paz iniciado com o cessar-fogo, caso seja necessário.

O sacerdote Alec Reid, que visita com freqüência o País Basco, assessorou os intermediadores do acordo, do qual, segundo informou o jornal "El Mundo", participaram também dois ex-membros do Exército Republicano Irlandês (IRA), Alex Maskey e Gerry Kelly.





Fonte: EFE

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