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Meio Ambiente
Sexta - 24 de Março de 2006 às 23:04

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A biodiversidade é uma das principais vítimas da mudança climática e, ao mesmo tempo, uma ferramenta valiosa para reduzir seus efeitos, disseram hoje analistas na Conferência da Convenção sobre Diversidade Biológica.

O aquecimento do planeta, que causou o derretimento das calotas polares e de glaciais, assim como o aumento do nível do mar e mudanças no regime de chuvas, também obriga muitas espécies a emigrar para outras regiões ou a se adaptarem aos aumentos da temperatura, segundo os especialistas.

"Está claro que o componente biológico foi gravemente afetado pela mudança climática. Inevitavelmente todos teremos que nos adaptarmos a essas alterações", disse à EFE o oficial para Assuntos Ambientais da Secretaria da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), Manuel Guariguata.

O coordenador do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Carlos Nobre, advertiu, por sua vez, que "se o mundo continuar aquecendo aumentará a extinção de espécies", já que muitas delas não resistirão ao aumento das temperaturas.

Um relatório elaborado por um grupo de 23 analistas de vários países e organizações internacionais por mandato da CDB analisou os processos de adaptação das espécies à mudança climática e elaborou uma série de recomendações que foram debatidas em Curitiba.

"Com o nível do mar subindo muitas zonas costeiras serão afetadas e alguma estratégia de adaptação terá que ser elaborada. O mesmo ocorre com muitas espécies que não agüentam o calor e para as quais se necessitam alternativas migratórias", afirmou Guariguata.

Os analistas que estão em Curitiba lembraram que há casos que merecem atenção especial, como o da ilha de Tuvalu, situada no Pacífico sul, e formada por nove atóis marítimos, que está ameaçada por uma elevação do nível do mar.

Se esse perigo se concretizar, os pouco mais de 11.000 habitantes de Tuvalu teriam que ser evacuados nos próximos anos já que a maior altitude nesse pequeno país é de apenas cinco metros, mas pouco se poderia fazer para salvar suas espécies animais.

Uma das principais recomendações do documento da CDB é que os Governos incorporem componentes ambientais nas estratégias para enfrentar a mudança climática, pois a natureza é um importante aliado na luta contra o aquecimento da Terra.

Guariguata explicou que, por exemplo, os mangues, quando estão intactos, constituem uma barreira importante para suavizar os impactos da mudança climática.

De acordo com os especialistas, se em Nova Orleans (EUA) as zonas de pântanos não tivessem sido destruídas pela ação do homem, as inundações causadas no ano passado pelo furacão Katrina teriam sido menos intensas, já que os mangues atuam como reguladores dos movimentos das águas.

O mesmo exemplo vale para os países do sudeste asiático que foram devastados pelo tsunami de dezembro de 2004.

Embora as ondas gigantes que deixaram milhares de mortos não tenham sido conseqüência da mudança climática, está comprovado que as zonas costeiras que tinham seus mangues intactos sofreram menos do que aquelas onde esses ecossistemas tinham sido removidos.

De acordo com os especialistas, estudos mostram que mesmo que o mundo acabasse imediatamente com as emissões de gases poluentes, especialmente do dióxido de carbono (CO2), haverá um efeito de inércia e a Terra continuará se aquecendo durante décadas, por isso é necessário buscar na biodiversidade as alternativas para enfrentar esse fenômeno.

"Não há dúvidas de que a temperatura do planeta está subindo.

Quanto mais rápido abordarmos as relações entre mudança climática e biodiversidade, melhor", opinou Nobre.

Conscientes disso, representantes de um grupo de pequenas ilhas-Estado disseram hoje que na próxima semana, quando os ministros do Meio Ambiente se somarem aos trabalhos da reunião de Curitiba, anunciarão sua incorporação a uma rede mundial de áreas de proteção da biodiversidade marinha.

Na Oitava Conferência da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), que começou na segunda-feira passada e se estenderá até 31 deste mês, participam delegações de 187 países e da União Européia (UE), que discutem o estado da biodiversidade mundial e seu futuro.





Fonte: EFE

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