Venezuela acusa os EUA de proteger "terroristas amigos"

Venezuela acusou hoje os EUA de combater os terroristas de forma seletiva, por causa da decisão de Washington de manter o anticastrista cubano Luis Posada Carriles sob custódia das autoridades de Imigração.

Essa decisão, anunciada quarta-feira pelo Escritório de Serviços de Imigração e Alfândegas dos EUA (ICE), "aumenta o volume do silêncio do Departamento de Estado no caso Posada Carriles", afirma um comunicado divulgado pela embaixada venezuelana em Washington.

O Governo da Venezuela, acrescenta a nota, "reitera mais uma vez o pedido à Casa Branca para que cumpra com as suas obrigações, que estão expressas nos Tratados Internacionais, e promova a extradição do terrorista ou o processe".

"A guerra contra o terrorismo não pode ser seletiva. Não há terroristas amigos. Todos os terroristas são inimigos da justiça.

Nenhum merece impunidade", acrescenta o documento.

A Venezuela acusou os EUA de amparar "um terrorista internacional, sob a fachada de um trâmite de imigração", em vez de extraditá-lo para ser julgado pelas 73 acusações de homicídio de que é acusado pela justiça venezuelana.

Para as autoridades de Caracas, Posada Carriles "é o Osama bin Laden da América Latina, responsável por um dos mais sangrentos ataques a um avião de passageiros, no qual assassinou 73 pessoas, inclusive uma mulher grávida, em 6 de outubro de 1976".

"É cínico utilizar os regulamentos de imigração para aparentar um exercício correto da justiça, sobretudo num caso em que os parentes das 73 vítimas clamam pela extradição ou pelo processo penal deste criminoso", ressalta o comunicado.

Ontem, o ICE, em Miami, anunciou que o anticastrista cubano continuará, por enquanto, sob custódia das autoridades americanas.

Posada se encontra num centro de detenção em El Paso (Texas) desde maio do ano passado, quando entrou ilegalmente no país.