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Internacional
Terça - 21 de Março de 2006 às 11:14

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Pelo segundo dia consecutivo, continuam as manifestações na capital bielo-russa, reivindicando novas eleições, após o "fraudulento" pleito de domingo que deu a vitória ao autoritário presidente Alexander Lukashenko.

Segundo porta-vozes da oposição, "várias milhares" de pessoas se unirão aos manifestantes que acamparam ontem na Praça de Outubro e onde esta tarde haverá um encontro de todas as forças políticas que denunciam como ilegítimas as eleições de domingo e exigem a realização de um novo pleito.

"Faça história", pede um cartaz colocado no ponto mais alto da praça, cujos ocupantes gritam "Participe", dando a vitória aos candidatos opositores Alexander Milinkevich e Alexander Kozulin e reivindicando a renúncia de Lukashenko, declarado pelos Estados Unidos o "último ditador da Europa" e que já anunciou ontem que "a revolução fracassou".

"Acreditamos, podemos, venceremos!" e "Viva Belarus", grita a multidão, que exibe bandeiras bielo-russas e de vários movimentos jovens, assim como da Revolução Laranja ucraniana e da União Européia.

"Nosso protesto será forte e duradouro. Agüentaremos até o final", proclamou ontem à noite Milinkevich, que denunciou que no país não houve pleito, mas uma "usurpação do poder".

Hoje, representantes da Igreja Ortodoxa Autocéfala de Belarus, que se separou da Igreja Ortodoxa Russa e não é reconhecida pelas autoridades, somaram-se aos manifestantes.

Os sacerdotes rezaram uma missa na praça, pedindo "pelos manifestantes, pelo Governo de Belarus, sua Polícia e Exército" para que "protejam o povo".

A igreja oficial reagiu de imediato com denúncias de que os autocéfalos "nem sequer são sacerdotes" e que "têm seu quartel-general nos Estados Unidos".

Durante toda a noite, pessoas levaram comida e chá quente, assim como cobertores e abrigos, às centenas de manifestantes que mantiveram a guarda em torno das 15 barracas postadas na praça para impedir que a Polícia ocupe o local de concentração da oposição.

Durante a madrugada, foram detidos cerca de 20 dirigentes opositores que se dirigiam da praça para suas casas. Todos eles foram libertados poucas horas depois, após um longo interrogatório cheio de ameaças, segundo relataram.

Entre eles estava Anatoli Lebedko, número dois da oposição, detido pela terceira vez e que tem que comparecer hoje à Justiça.

Declaração aprovada pelas pessoas reunidas na praça exige que o Governo de Lukashenko convoque novas eleições para 16 de julho.

De acordo com os resultados anunciados pela Comissão Eleitoral Central bielo-russa, Lukashenko, no poder desde 1994, revalidou seu mandato com 82,6% dos votos, frente a apenas 6% de Milinkevich e 3,2% de Kozulin.

Esse resultado eleitoral já foi rejeitado pelos EUA, que declararam que "a campanha eleitoral se desenvolveu em um clima de medo e incluiu detenções, surras e fraude". O pleito, no entanto, foi aceito pela Rússia, cujo presidente, Vladimir Putin, já felicitou Lukashenko.

A oposição bielo-russa animou-se com a avaliação dos observadores da Organização para Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), que criticaram com dureza a campanha eleitoral e declararam que o pleito não cumpriu os requisitos democráticos.

Os únicos a legitimar a limpeza das eleições foram os observadores da comunidade pós-soviética, que no final de 2004 também validaram o fraudulento pleito presidencial na Ucrânia, que provocou protestos populares maciços, conhecidos como a Revolução Laranja e que colocaram no poder as atuais autoridades ucranianas.





Fonte: EFE

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