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Internacional
Terça - 21 de Março de 2006 às 10:14

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O primeiro-ministro da França, Dominique de Villepin, deu sinais na terça-feira de estar aberto à idéia de reformar a lei sobre o contrato de trabalho para jovens, combatida por estudantes e sindicalistas. O setor de funcionários públicos do país deve participar da greve de um dia marcada para 28 de março.

Nesta terça-feira, alunos de colegial devem realizar protestos de rua em todo o país para exigir que Villepin cancele o contrato. Esse contrato, segundo os manifestantes, fez diminuir a segurança empregatícia para os jovens. O primeiro-ministro reuniu-se com estudantes e empregadores na segunda-feira. Jornais disseram que o governo pode estar aberto à idéia de encurtar o período de experiência dos funcionários jovens, de dois anos para 12 meses, e à idéia de obrigar os patrões a justificar as demissões.

"Estamos observando. Estamos ouvindo todo mundo. Estamos em um período de adaptação", afirmou o ministro das Finanças do país, Thierry Breton, à rádio Europe 1. "A melhor forma de superarmos essa crise é por meio da experimentação, da avaliação e da adaptação", disse a ministra francesa do Comércio, Christine Lagarde, em entrevista concedida ao jornal Le Parisien.

Os índices de popularidade de Villepin caíram muito desde que o Contrato do Primeiro Emprego, conhecido como CPE, foi aprovado pelo Parlamento. A crise pode prejudicar os planos dele de concorrer à Presidência da França em 2007 e gerou desconforto dentro do partido governista UMP.

Sugestões de que o governo estava disposto a modificar a lei apareceram um dia depois de o presidente do país, Jacques Chirac, ter repetido seu apoio a Villepin e ter renovado seus apelos para que as pessoas contrárias ao novo contrato aceitem negociar. Segundo Chirac, a lei, que permite aos empregadores demitir pessoas com menos de 26 anos de idade, sem justa causa, nos primeiros dois anos de contrato, apontava para a determinação do governo em combater as taxas de desemprego no país, que chegam a 9,6%.

Organizações estudantis e líderes sindicais afirmam que o CPE criaria uma geração de trabalhadores descartáveis e prometem continuar com suas ações até o governo ceder. Uma pesquisa divulgada na segunda-feira mostrou que 60% dos eleitores franceses desejavam o fim do novo contrato. Uma outra pesquisa, porém, sugeriu que grande parte das pessoas queria apenas que o governo alterasse a lei.

Sindicatos convocaram uma greve geral para a próxima terça-feira e o funcionalismo público do país, entre os quais os trabalhadores da área de transporte, devem participar dela. Não se sabe ainda qual será a adesão do setor privado ao protesto.

Questionado sobre se o dia nacional de ação, na terça-feira, seria uma greve geral, Bernard Thibault, chefe do sindicato CGT (o maior do país), afirmou não estar interessado em jogos de palavras. "Não vamos brincar com as palavras: um dia de ação interprofissional com paralisação no trabalho, greves e protestos será geral se convencermos os trabalhadores assalariados a aderir a essas formas de ação", afirmou à rádio France Info.

Thibault disse acreditar que o governo abandonará a lei se houver pressão suficiente. Estima-se que entre 1 milhão e 1,5 milhão de pessoas participaram de protestos ocorridos em toda a França no final de semana. As manifestações foram quase todas pacíficas, mas houve alguns conflitos com a polícia. O sindicato Sud-PTT afirmou na segunda-feira que um de seus membros estava em coma depois de ter ficado ferido nos confrontos.

Grandes manifestações podem derrubar ou fortalecer governos na França. Em 1995, protestos minaram profundamente o primeiro-ministro conservador Alain Juppé, que perdeu as eleições realizadas dois anos depois. As graves recorrentes e as manifestações podem também prejudicar a economia. Os distúrbios em subúrbios de cidades francesas ocorridos no ano passado fizeram diminuir, por um breve período de tempo, o nível de consumo no país.





Fonte: Reuters

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