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Tecnologia
Segunda - 20 de Março de 2006 às 12:30
Por: Renato Cruz

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SÃO PAULO - Os americanos atacaram a proposta dos europeus para TV digital, que acenam ao governo brasileiro com a instalação de uma fábrica de semicondutores no Brasil. "Já trabalhei na iniciativa privada e posso dizer que a carta européia sobre a fábrica tem tantos furos que daria para passar um caminhão", afirmou o embaixador David Gross, do Escritório de Assuntos Econômicos e Comerciais dos Estados Unidos, em teleconferência a partir de Washington.

"Tem tantos furos que não conseguiria segurar água." Apesar disso, ele não melhorou a oferta americana nem se comprometeu com a instalação de uma fábrica de semicondutores no Brasil. Ele acenou com a possibilidade de instalação de fábricas de televisores e de transmissores no Brasil, caso o padrão americano ATSC seja escolhido.

"A construção de fábricas são um tema em que principalmente o setor privado deve se engajar", afirmou Gross. "Empresas americanas, como a Harris Corporation, e asiáticas, como a LG, encaram o tema com bastante entusiasmo. Os investimentos seriam bastante substanciais, porque as fábricas atenderiam às Américas como um todo."

Depois de um grupo de nove ministros ter entregue este mês ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva um relatório em que apontavam superioridade do padrão japonês (ISDB) sobre os concorrentes europeu (DVB) e americano, o governo tenta tirar dos grupos internacionais o compromisso de instalar uma fábrica de semicondutores no País. Eles pedem prazo, sem se comprometer.

"A fábrica de semicondutores sempre segue o mercado", afirmou Gross. "Não é algo decorrente da idealização do governo." Para ele, o ATSC é o padrão que daria mais chance ao Brasil de atrair a fábrica porque poderia exportar para as Américas. "Nós praticamente não produzimos mais televisores nos Estados Unidos hoje", explicou o embaixador.

"Importamos de outros países e estamos particularmente interessados em importar do Brasil." Mesmo assim, não existe compromisso firme dos americanos com a instalação da fábrica de semicondutores. Na briga pela TV digital brasileira, os americanos têm sido apontados como os ocupantes do terceiro lugar pelas pessoas que participam das discussões.

As grandes redes de televisão, como a Globo, e o ministro das Comunicações, Hélio Costa, defendem o padrão japonês ISDB. Enquanto isso, os europeus põem em movimento a máquina que conseguiu fazer, no celular, que a tecnologia GSM fosse um sucesso no Brasil.

Gross negou que os Estados Unidos estejam menos presentes que seus concorrentes internacionais nas discussões sobre a TV digital no Brasil. Os europeus ofereceram uma linha de crédito de 400 milhões de euros aos radiodifusores brasileiros.

Os japoneses acenam com US$ 500 milhões ou mais para as redes locais de TV. A oferta dos americanos, no entanto, é de US$ 150 milhões. "Nossa tecnologia é muito menos cara", procurou justificar o embaixador dos EUA. "Em 2008, nossos conversores estarão em US$ 50 ou menos", afirmou Gross. "Os equipamentos precisam de menos potência de transmissão."





Fonte: Agência Estado

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