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Economia
Sexta - 03 de Março de 2006 às 14:34

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O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, negou ontem que haja uma "crise do álcool" e afirmou que o aumento dos combustíveis registrado nos últimos dias nos postos é "absolutamente especulativo".

Segundo Rodrigues, nos cálculos do governo, a queda na composição do álcool anidro na gasolina vendida nos postos, que começou a valer anteontem, causaria um aumento entre 1,5% e, no máximo, 3%. "Um aumento de 10% é absolutamente especulativo. A mudança na composição [da gasolina] é de 1º de março. Esse combustível ainda não chegou aos postos", afirmou o ministro, em entrevista em Buenos Aires.

Segundo levantamento feito feitos pela Folha Online e pelo "Agora" na quarta-feira em 45 postos de São Paulo, o álcool subiu até 18% na comparação com a última segunda-feira. No caso da gasolina, a maior alta encontrada foi de 7%. Ontem, em pesquisa feita pela Folha de S.Palo, o aumento médio da gasolina na capital ficou em 3,82%.

Rodrigues afirmou que o governo estuda diminuir a cobrança da Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico) sobre a gasolina, uma medida cobrada pelos distribuidores. "Estamos avaliando. Vai depender de como se comportam os preços. Essa onda de especulação tem de passar."

Para o ministro, "não há razões ponderáveis" para o aumento do preço do álcool _ele classificou de "estranha" a alta. "Não há crise, nem microcrise. Está claro que o estoque é mais do que o suficiente. Estamos na entressafra. Esse eventual preço mais alto não pode passar de março, abril." Afirmou que o país chegará em abril, com um saldo de 600 milhões de litros guardados . "É a metade do consumo médio de um mês no país."

Na avaliação do ministro, um problema do setor está nos custos de armazenagem por conta das altas taxas de juros. "Defendo que estocagem é área privada, mas enquanto os juros estiverem muito altos fica muito difícil", afirmou.

Segundo ele, também se analisa no governo voltar a financiar o setor para aumentar a capacidade de estoque.

Rodrigues voltou a reclamar da valorização do real em relação ao dólar para a agricultura --"o câmbio está preocupando dramaticamente a vida da agricultura brasileira"-- e disse que, a pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sua pasta negocia com a Fazenda a edição de um pacote de medidas que ajudem o setor. "Estou discutindo com o Palocci uma 'MP do Bem' para agricultura. Ele está sinalizado."

Ele prognosticou até a volta da inflação e queda nos níveis de atividade econômica dos Estados caso uma ajuda ao agronegócio não seja aprovada.

Rússsia e aftosa

O ministro classificou de "surpresa desagradável" a declaração de um porta-voz do governo russo à agência de notícias Reuters de que o país pretende manter até meados de junho o embargo à importação de carne suína e bovina brasileira por causa dos focos de febre aftosa. "Estamos esperando que uma missão técnica russa venha ao país e a nossa expectativa é que eles levantem o embargo." O governo espera que a restrição só seja mantida para Paraná e Mato Grosso do Sul, onde a doença foi detectada.

Rodrigues participou ontem em Buenos Aires de uma reunião com ministros da Agricultura do Mercosul mais Bolívia e Chile, o chamado CAS (Conselho Agropecuário do Sul) por causa do foco de febre aftosa detectado na Argentina em janeiro.

Anteontem, o órgão sanitário do país confirmou a existência de um animal doente numa área limítrofe ao primeiro caso, na Província de Corrientes. Na reunião, os países acordaram coordenar o combate à doença na região.





Fonte: 24HorasNews

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