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Repórter News - reporternews.com.br
Internacional
Sexta - 24 de Fevereiro de 2006 às 21:10
Por: Lin Noueihed

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As ruas do Iraque ficaram relativamente calmas na sexta-feira. Os ataques contra mesquitas arrefeceram depois de 48 horas de fúria. Os assassinatos com motivos sectaristas também se reduziram.

O toque de recolher imposto pelo governo para conter a violência entre grupos religiosos rivais no dia semanal de orações muçulmano aparentemente interrompeu a onda de violência desta vez, mas, segundo analistas, o perigo de uma guerra civil ainda está longe de ser eliminado.

"Pela primeira vez, o governo tomou a atitude certa, impondo o toque de recolher, mas é uma solução temporária", disse Mustafa al-Ani, analista do Centro Gulf Research.

"O governo não está sendo bem-sucedido na amenização das discórdias sectárias no longo prazo. Se esses incidentes ficarem acontecendo sempre, as pessoas vão parar de obedecer ao toque de recolher e ele perderá o controle", afirmou.

O toque de recolher, imposto para conter a onda de violência que matou cerca de 200 pessoas em Bagdá e na região, foi um teste importante para o governo xiita.

Embora o toque de recolher não tenha sido seguido por milhares de xiitas na Cidade de Sadr, o medo era tão grande em outras regiões que poucos iraquianos teriam saído às ruas da capital na sexta-feira, mesmo sem a medida.

Junto com os vários apelos por calma feitos por líderes religiosos e políticos tanto xiitas quanto sunitas, o toque de recolher deu mais tempo ao governo para pensar como evitar passar tão perto da guerra civil novamente.

"O que é necessário é uma liderança forte. As autoridades têm de impor uma presença forte sem transformar as forças de segurança iraquianas em uma das facções (em conflito)", disse Joost Hilterman, analista do International Crisis Group, com sede em Washington.

A tarefa das forças de segurança é muito difícil. Empenhadas em impor o toque de recolher na sexta-feira, elas não conseguiram impedir o confronto entre uma milícia xiita leal ao clérigo Moqtada al-Sadr com combatentes supostamente sunitas.

Exército e polícia sofrem com a infiltração de criminosos, e árabes sunitas acusam o Ministério do Interior de compactuar com esquadrões da morte contra eles.

O governo, liderado por xiitas, nega, mas a administração tem de provar que consegue controlar os militantes xiitas que atacam alvos sunitas. Os sunitas acusam os integrantes do Exército Mehdi, comandado por Sadr, de encabeçar a violência que tomou as ruas nos últimos dois dias.

Sadr aproveitou a indignação com a destruição da mesquita xiita de Samarra para fazer uma demonstração de força, exigindo a retirada das tropas norte-americanas do país e criticando o governo, liderado por partidos xiitas rivais a ele.

Para Faleh Abdul Jabbar, autor de um livro sobre os movimentos políticos iraquianos, é difícil que o principal bloco xiita rache, apesar das desavenças. O elemento agregador por enquanto é o grande aiatolá Ali al-Sistani, principal clérigo xiita. Mesmo sem armas, Sistani conseguiu usar sua autoridade religiosa para pôr fim ao levante comandado por Sadr em 2004.





Fonte: Reuters

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