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Internacional
Quarta - 22 de Fevereiro de 2006 às 12:00

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Yoweri Museveni está no poder em Uganda há duas décadas, mas diz que nunca levam em conta que ele esteve lutando há 40 anos nas ruas, na guerrilha e no Governo.

"Estou lutando há muito tempo", afirmou no sábado o governante, de 61 anos, em sua última entrevista coletiva antes das eleições presidenciais de amanhã, nas quais testará seu desgaste político e sua vontade de dirigir um país na democracia.

O governante ressaltou seus anos de luta e as manifestações das quais participou quando era estudante universitário contra a guerra do Vietnã, mas também citou a luta contra os regimes de Idi Amin e Milton Obote.

Museveni nasceu em 1944 em Ankole, no oeste de Uganda, numa família de criadores de gado. Um ofício que mantém até hoje, mas em seu rancho no povoado de Rwakitura, onde possui um rebanho de 15 mil cabeças, um dos maiores do país.

A criação de gado é sua paixão pessoal. Ele garante que, quando deixar o poder, não terá problemas, porque seus animais estarão esperando por ele.

Museveni estudou Economia e Ciências Políticas em Dar as Salam, a capital da Tanzânia, quando essa cidade era o epicentro de todos os movimentos políticos que lutavam a favor da independência dos países do leste africano.

Quando Idi Amin chegou ao poder em Uganda, em 1971, Museveni trabalhava na equipe do governante deposto, Milton Obote, como ajudante de investigação.

A carreira política de Museveni, como a de muitos dirigentes atuais da África, se passou numa guerrilha.

Ele lutou contra o regime de Amin num movimento rebelde apoiado pela Tanzânia e que em 1979 conseguiu depor o ditador, líder de um regime de terror que matou 400 mil pessoas.

Obote voltou ao poder em 1980 e colocou Museveni, então com 36 anos, à frente do Ministério da Defesa num primeiro Governo provisório. Mas Museveni rompeu relações com ele após um pleito que considerou fraudulento e que foi vencido por Obote Museveni, que antes tinha lutado contra Amin, a partir de 1981 combateu Obote à frente do Exército Nacional de Resistência, o grupo rebelde que o colocou no poder em 1986 e que depois se transformou no único partido permitido durante 20 anos.

O atual governante é considerado um homem implacável contra os que se opõem a ele, especialmente os antigos companheiros de armas, mas ao mesmo tempo um pragmático em suas decisões políticas e econômicas.

A primeira demonstração foi a perseguição judicial à qual se vê submetido seu principal rival político, Kizza Besigye, seu ex-médico pessoal e ex-companheiro de luta, desde que retornou do exílio, em 26 de outubro de 2005.

Em 14 de novembro, Besigye foi preso acusado de traição e violação, com evidências duvidosas, e depois a Justiça militar o processou por terrorismo.

Tudo isso, segundo os partidários de Besigye, é para condicionar sua campanha política prévia às eleições de amanhã, onde Museveni e Besigye competem praticamente sozinhos no que parece mais um duelo pessoal do que eleitoral.

E sua personalidade pragmática foi demonstrada ao adotar políticas econômicas, sem muitas considerações ideológicas, com um agressivo programa de reformas e de liberalização comercial.

Nos anos 90, graças a isso, a Uganda teve um crescimento médio econômico de 7%, beneficiado, em parte, pelo fato de que a metade das despesas do Estado é coberta com doações internacionais.

Museveni também recebeu elogios por reduzir a taxa de infectados pela aids, dos 30% registrados nos anos 90 para 6% ou 7% atualmente.

Ele também é pragmático na hora de enfrentar a guerrilha que desde 1988 tenta depô-lo no norte do país, o Exército de Resistência do Senhor. Apesar do combate com as armas, Museveni nunca fecha as portas para eventuais negociações de paz.





Fonte: EFE

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