Fernando Henrique diz não ser possível generalizar sobre os EUA

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que está em visita na Colômbia, opina que "não é possível generalizar" e dizer que "todo" o mau vem dos Estados Unidos, mas ao mesmo tempo considera que esse país "se comportou mal". Em entrevista publicada hoje pelo jornal "El Tiempo" de Bogotá, o ex-presidente afirmou que os vários Governos críticos aos Estados Unidos na região têm justificativa.

"É porque os EUA se comportaram mal. E não somente na região, acho que a questão do Iraque também influiu. Isso somado à idéia popular de que a globalização está por trás de tudo e que os EUA é o país mais importante neste momento, o transforma em ''bouc émissaire'' (bode expiatório)", respondeu.

O ex-presidente acrescentou que, segundo essa tendência, "tudo de mau vem de lá (EUA). Mas não se pode generalizar". Fernando Henrique disse que também há manipulação política, e alguns Governos usam essa bandeira como se isso fosse expressão da esquerda, e de fato "não tem muito a ver com o que se entende por esquerda".

Além disso, ressaltou, "também não se pode generalizar a política dos EUA" pois "(Bill) Clinton não fez o mesmo que (George W.) Bush fez".



Cardoso, que foi presidente do Brasil de 1995 a 2003, negou ser um "neoliberal", e considerou que seu sucessor na Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, é "mais conservador" que ele.

Para o ex-presidente, "está se esgotando o tempo" para assinar acordos comerciais com os Estados Unidos.

"Eu antes achava que tínhamos que buscar a Área de Livre Comércio das Américas (Alca), uma negociação global, isso mudou porque tanto os americanos como os brasileiros não quiseram isso", admitiu.

Fernando Henrique ressaltou que os Estados Unidos "perderam o interesse na Alca porque percebeu que tinha vantagem em acordos bilaterais".

Por outro lado, o ex-presidente acrescentou que "os EUA, que em outra época já teriam pressionado muito mais a Venezuela, agora não fazem isso". "Eles têm que se dar conta também que Venezuela vende petróleo", ressaltou.