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Repórter News - reporternews.com.br
Economia
Quarta - 08 de Fevereiro de 2006 às 09:59

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A principal medida anunciada ontem pelo governo, no pacote da construção civil, não deve ter efeito a curto prazo para o brasileiro de baixa renda, apesar da pressão do governo. Nos bastidores, a equipe econômica que montou o plano pediu às entidades representativas do segmento que pressionem lojas e construtoras para que haja o repasse da queda no imposto ao consumidor, apurou a Folha. A resposta dada ao governo ontem foi de que é impossível fazer isso.

A isenção ou redução de IPI em materiais de construção deve levar de 70 a 100 dias para ter algum reflexo no bolso do consumidor, segundo o comércio. O sindicato varejista da construção fala em efeito "só no segundo semestre". Mesmo assim, é difícil saber quanto se economizará, se houver queda de preço.

"O governo está otimista. Fala em um efeito para o consumidor dentro de 15 dias. Isso não existe. Vai demorar de um a dois meses para sentir algum reflexo, e nem se sabe quanto o preço vai cair. A gente está acreditando na boa intenção do mercado", afirma o presidente do SindusCon SP (sindicato da indústria da construção) João Claudio Robusti.

"Não há a menor chance de que isso atinja o cliente até o início do segundo semestre. O varejo de construção tem estoques acima da média do comércio em geral, e a compra da mercadoria, que está nas prateleiras para venda agora, aconteceu com o setor pagando o IPI antigo", diz Reinaldo Pedro Correa, vice-presidente do Sincomavi, sindicato do comércio varejista de material de construção.

Agora, depois de regulamentado o pacote, a compra seguinte que a loja fechará com a indústria terá imposto menor ou zero. Será só nesse lote que poderá haver alguma alteração no preço.

Porém, numa economia de mercado não há controle sobre como as lojas e as empreiteiras se posicionarão quanto à redução nos impostos e nos preços. Elas podem repassar o ganho ao consumidor ou podem somar isso à margem de lucro da empresa. Nessas horas, a concorrência entre as companhias e os comerciantes pode ajudar.

O varejo explica que apenas uma redução no IPI na ponta não faz "milagres". Isso porque, em toda a cadeia produtiva, continuará a existir a cobrança do IPI. Na produção da tinta, a compra de corante, por exemplo, continua tributada. Por isso, a "economia" feita com a isenção ou queda no imposto é parcial.

"Estamos atentos às medidas e, se verificarmos a queda, ela chegará ao consumidor. Só estamos preocupados porque essa é uma redução na ponta apenas, e não na cadeia, o que teria impacto real maior", afirma Fernando de Castro, diretor da loja Telha Norte.

No momento, há a seguinte conta: com a isenção de IPI em um grupo de materiais, e redução em outro, há uma previsão de 1,2% de queda no custo total da obra, segundo calculou ontem o Sinduscon SP. Mas não se fazem estimativas de redução no custo da venda ao cliente, pois o preço depende de outros fatores.

"O governo fala que é preciso ir no depósito cobrar esse repasse ao mercado. Isso não tem jeito", diz Romeu Chap Chap, presidente do Secovi SP, o sindicato da habitação. "Se se busca queda no preço, melhor seria reduzir a taxa básica de juros na economia, o que faria cair o juro na compra financiada de materiais ao consumidor", completa ele, criticando a política atual de juros altos.





Fonte: 24 Horas News

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