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Repórter News - reporternews.com.br
Meio Ambiente
Sábado - 14 de Janeiro de 2006 às 20:29

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Washington - A sonda espacial "Stardust" iniciou hoje sua aproximação da atmosfera terrestre com uma carga de poeira cósmica que soltará neste domingo pouco antes de continuar uma viagem eterna ao redor do Sol.

Essa carga, que fornecerá valiosa informação científica sobre a origem do Sistema Solar, está armazenada em uma cápsula que ingressará na atmosfera durante a madrugada com um brilho que poderá ser visto a olho nu (se as condições meteorológicas permitirem) em toda a região do oeste dos EUA.

Esse brilho ocorrerá quando a cápsula produzir um choque molecular atmosférico a 46.440 km/h, uma velocidade que superará a registrada em maio de 1969 no reingresso da nave espacial "Apolo X", segundo o Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa em Pasadena (Califórnia), que se dedica à prospecção robótica do Sistema Solar.

Nesse momento, o meteoro artificial adquirirá um brilho similar ao do planeta Vênus, fenômeno que durará cerca de 90 segundos, segundo os cálculos dos cientistas.

Se tudo sair como previsto, a "Stardust" soltará sua preciosa carga às 03h57 (em Brasília) de domingo e cerca de quatro horas e meia depois (08h12) a cápsula deverá tocar a terra, com sua queda sendo freada por um pára-quedas.

O contato da cápsula de 46kg com a superfície terrestre ocorrerá em um ponto do Campo de Testes e Treinamento da Força Aérea dos EUA em Utah (noroeste). Helicópteros da Nasa estarão esperando no local para recolher a cápsula, se as condições do tempo permitirem, segundo a agência espacial.

Caso haja contratempos meteorológicos, também haverá veículos preparados e prontos para partir em busca da cápsula, que será levada imediatamente ao Campo Dugway de Testes do Exército dos EUA (Utah) para seu processamento inicial, explicou a Nasa.

Posteriormente, o coletor de amostras interestelares será levado a um laboratório especialmente habilitado pela Nasa para seu estudo no Centro Espacial Johnson, em Houston (Texas).

Esse será o capítulo final da missão "Stardust" (pó de estrelas) que, desde 7 de fevereiro de 1999, quando partiu do Centro Espacial Kennedy em Cabo Canaveral (Flórida), percorreu 4,634 bilhões de quilômetros pelo Sistema Solar.

Durante esse deslocamento, a "Stardust" passou a apenas 240 quilômetros do núcleo do cometa "Wild 2" para recolher partículas microscópicas de sua poeira cósmica.

A sonda também capturou amostras de pó interestelar que ingressam no Sistema Solar provenientes de outras galáxias.

Segundo os cientistas, essas minúsculas partículas cósmicas, cuja massa é de menos de um miligrama, responderão a dúvidas fundamentais não somente sobre a origem do Sistema Solar, mas também sobre a natureza dos cometas.

Os corpos estelares, como os cometas, que vagam pelo Universo em órbitas elípticas, levam consigo material que se mantém inalterável desde a criação do Sistema Solar, há cerca de 4,5 bilhões de anos, segundo os astrônomos.

Donald Brownlee, diretor do projeto científico, afirmou que, embora a carga da cápsula seja minúscula, cerca de 180 cientistas terão material suficiente para estudá-la e conseguir um tesouro de informações.

Com os instrumentos de alta precisão disponíveis atualmente, "isto é muito mais do que poderíamos analisar em uma década", assinalou.

"Não há nada melhor que uma destas amostras. São muitos os segredos que estão ocultos em sua microestrutura, quase a um nível atômico", disse Peter Tsou, um dos cientistas que participa da missão.

Segundo fontes da Nasa, a missão da "Stardust" continuou sem problemas a partir de sexta-feira, quando realizou uma penúltima correção de seu deslocamento para se dirigir rumo à Terra.

A única dúvida que resta poderia ser a operação em que a cápsula deverá abrir seu pára-quedas para frear seu violento deslocamento e reduzir o impacto contra a superfície terrestre.



Em 2004, o pára-quedas da cápsula "Genesis", que também realizou uma missão científica para recolher vento solar, não se abriu e a cápsula se chocou violentamente contra a superfície terrestre.




Fonte: Agência Estado

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