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Nacional
Terça - 06 de Dezembro de 2005 às 01:15

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O vice-presidente José Alencar garantiu ontem à noite ter ouvido do presidente do PT, Ricardo Berzoini, que o R$ 1 milhão pago à Coteminas pelo partido foi proveniente de recursos "não contabilizados" - ou seja, não declarados à Justiça Eleitoral, dinheiro de caixa dois.

Segundo o vice-presidente da República, Berzoini lhe telefonou para pedir desculpas pela utilização de dinheiro de caixa dois para quitar parte do débito de R$ 12 milhões que a sigla mantém com a empresa têxtil de Alencar. "Ele me disse que todos no PT estão muito tristes com tudo isso", revelou, se referindo a Berzoini.

O depósito deve ser investigado pela Polícia Federal, que irá pedir ao Supremo Tribunal Federal (STF) a quebra dos sigilos bancário e fiscal da Coteminas e do PT. Também deve ser intimado a depor Josué Gomes da Silva, presidente da empresa e filho do vice-presidente. A CPI dos Correios também requereu mais informações sobre a operação.

De acordo com José Alencar, o presidente petista lhe garantiu que a irregularidade ainda é reflexo da gestão do ex-tesoureiro Delúbio Soares e da antiga cúpula do partido, afastada após a constatação de uso de recursos "não contabilizados" para distribuição entre aliados do governo - supostamente para saldar débitos de campanhas eleitorais. O vice- presidente afirmou ainda que Berzoini se comprometeu a divulgar nota hoje, em nome do PT, explicando todos os detalhes da operação.

A Coteminas informou hoje que, de sua parte, toda a operação consta da contabilidade oficial e está legalizada. O próprio Alencar tratou de assegurar que caberá ao PT dar os esclarecimentos. O partido contraiu uma dívida de aproximadamente R$ 12 milhões com a Coteminas para a confecção de cerca de 3 milhões de camisetas para a campanha de 2002.

Porém, de acordo com o atual secretário de finanças do PT, Paulo Ferreira, o depósito de R$ 1 mi não consta dos registros oficiais da sigla. A saída do dinheiro também não está registrada nas 16 contas bancárias do partido que estão em poder da CPI dos Correios. Ferreira admitiu a possibilidade de os recursos terem sido provenientes de caixa dois:

"Se houve, a responsabilidade é da gestão anterior (do partido). E em havendo, pode ter sido feito com recursos não contabilizados", constatou.

Ontem à noite, o Jornal da Globo revelou o nome da funcionária responsável pelo depósito de R$ 1 milhão para a Coteminas, em maio passado: trata-se da coordenadora administrativa da legenda, Marice Correia de Lima. O repasse foi revelado pelo jornal Folha de S.Paulo no último fim de semana.




Fonte: Terra

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