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Politica Brasil
Sexta - 18 de Novembro de 2005 às 11:53
Por: Onofre Ribeiro

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Venho observando com crescente atenção o movimento político dos conselhos representantes de classes em Mato Grosso. Devagar, estão se politizando no sentido de tomarem posição social.

As duas últimas eleições na Ordem dos Advogados do Brasil em Mato Grosso foram memoráveis movimentos políticos. Recentemente, a eleição no Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Urbanismo, também ganhou espaço nas ruas e avenidas e debateu na imprensa.

Agora, o Conselho Regional de Contabilidade também adota semelhante disputa. Publicou nota na primeira página deste jornal, na edição de ontem, com propostas e a composição de uma das chapas postulantes.

Isso faz muito sentido exatamente num momento em que as representações públicas já não respondem mais aos anseios sociais. Nos tempos do regime militar as eleições para a presidência do Clube do Exército tinham essa importância, porque ali se fazia política de caserna a favor e contra o regime dos governos.

Posteriormente, findo o regime militar, o clube perdeu importância política, e os partidos ganharam a grande confiança popular. E agora a sua quota se esgota exatamente 20 anos depois do fim do regime militar.

Está bem visível na sociedade o descontentamento com a cultura política que resultou do sistema eleitoral e do sistema de representação.

Neste momento a sociedade aparece com as suas soluções. Se três representações classistas fortes têm a coragem de se expor publicamente por nenhuma outra razão que não seja a de fortalecer o seu papel, outras mais as seguirão.

Mais do que isto, contudo, é a revelação de que as representações setoriais e segmentadas da sociedade estão se fortalecendo em detrimento dos sistemas políticos representativos tradicionais. Traduzindo: a política genérica está perdendo espaço para políticas grupais onde as discussões nascem, crescem e podem ou na expandir-se para a sociedade.

Na verdade, está se falando de uma legitimidade política nova.

Na eleição do CREA e na do CRC ainda se percebe equívocos como promessas de luta pelo fortalecimento da classe. Esse tipo de conselho é autarquia federal, criado para proteger os cidadãos nas relações com os profissionais da área. Para defender os interesses dos profissionais, eles devem recorrer às suas associações e sindicatos da classe.

Porém, é preferível esse tipo de equívoco do que a tradicional alienação da maioria das categorias profissionais que vergam-se à omissão e negam atitudes à sociedade.

Onofre Ribeiro é articulista deste jornal e da revista RDM onofreribeiro@terra.com.br




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