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Internacional
Sexta - 27 de Maio de 2005 às 22:33

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Milhares de egípcios, sob comando do grupo oposicionista Irmandade Muçulmana, queimaram bandeiras israelenses e americanas hoje, em protesto contra as profanações do Alcorão cometidas por militares dos Estados Unidos em campos de prisioneiros.

O protesto ocorreu diante do Sindicato dos Advogados, no Cairo, e serviu como manifestação de força da Irmandade, que já teve mais de 900 membros detidos desde março, quando o grupo começou a fazer manifestações em prol de reformas políticas.

Milhares de pessoas participaram de um protesto semelhante em Alexandria, no litoral. Ativistas islâmicos disseram que a polícia impediu centenas de outras pessoas de aderirem à manifestação.

No Cairo, o clima era de aberta oposição ao governo, a quem os militantes acusam de não ter adotado uma postura rigorosa diante dos relatos de que soldados dos EUA chutavam e menosprezavam o livro sagrado dos muçulmanos.

"Nossos governantes, por que tanto silêncio? Depois do Alcorão, o que falta?", gritavam alguns manifestantes.

Antes, no sermão de sexta-feira, um clérigo disse que os militares dos EUA em Abu Ghraib (Iraque) e na base de Guantánamo (Cuba) haviam mergulhado o Alcorão em água suja, pisoteado-o e rasgado as páginas.

Na quinta-feira, o comandante da prisão de Guantánamo disse que os militares identificaram cinco incidentes de "mau uso de um Alcorão" por parte de soldados. Mas ele disse que não há evidências confiáveis de que um exemplar teria sido mandado latrina abaixo, como acusaram alguns presos.

O pregador egípcio disse que "o presidente do país (Hosni Mubarak) não pronunciou uma só palavra por causa disso, e os Estados do mundo não se comoveram". "Não se pode esperar nada deles. O papel dos governantes acabou. Não pedimos nada a eles, nem no Egito nem entre os árabes ou muçulmanos".

Ahmed Seif Al-Islam Hassan El Banna, filho do fundador da Irmandade, disse que os manifestantes gostariam que o governo se unisse a eles na exigência de um pedido de desculpas por parte de Washington.

"Os Estados Unidos perdem muito com tal comportamento, uma perda que eles não conseguirão compensar durante cem anos. Sua posição moral e reputação no mundo árabe foram abaladas nos últimos anos, e a cada ano decaem mais", afirmou.

Na histórica mesquita de Al-Azhar, em outro canto do Cairo, houve confrontos com socos e cabos de bandeiras, após as preces de sexta-feira, entre seguidores e adversários do presidente Mubarak. Testemunhas disseram que centenas de policiais da tropa de choque estavam presentes, mas não intervieram.

Nesta semana, o governo conseguiu aprovar em referendo uma emenda constitucional que permite eleições presidenciais com mais de um candidato, mas que restringe a participação de candidatos minoritários.

A Irmandade e outros grupos da oposição pediram aos egípcios que boicotassem o referendo, por entender que a emenda não alterará o poder de Mubarak, que governa o Egito desde 1981.





Fonte: Reuters

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