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Economia
Sexta - 20 de Maio de 2005 às 17:50
Por: Liésio Pereira

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São Paulo – O dólar baixo e a forte elevação da taxa de juros estão afetando negativamente o setor têxtil. Esses fatores não só prejudicam as exportações, como barateiam e estimulam as importações. A análise é do diretor superintendente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Fernando Pimentel. Em entrevista à Agência Brasil, ele destacou que a situação do câmbio está afetando a cadeia têxtil do país e também outros setores exportadores importantes da indústria brasileira.

"Entendemos que essa cotação não é estimuladora das atividades externas. E, hoje em dia, não é só o setor têxtil que está com esse problema. O setor de calçados já tem se manifestado de forma contundente, as montadoras também já estão colocando alertas nessa situação, já que os produtos manufaturados são aqueles que mais sofrem quando há algum tipo de desequilíbrio que, no nosso ver, já existe", alertou.

Em relação às vendas externas, ele alerta que o crescimento das exportações do setor já diminuiu de ritmo com o patamar atual do câmbio. "No ano passado nós crescemos a uma base de 25% a 26% sobre as vendas de 2003 e neste ano estamos com 10% de crescimento no primeiro quadrimestre. Se nós eliminarmos as matérias-primas, principalmente o algodão, esse crescimento vai para 6% a 7%. É visível que, apesar de termos crescimento, ele está em um patamar bastante inferior ao ocorrido em 2004 em relação a 2003 e inferior à média acontecida entre 1999 e 2004, que gravitou em torno de 15,5% ao ano", disse à Agência Brasil.

No caso das importações, o diretor da Abit ressalta que o desempenho é inverso, ou seja, o dólar está com uma boa cotação para compras no exterior. "Um processo evidente de mostra disso é que os pacotes de viagem para as férias de meio do ano estão lotados. Isso já é uma demonstração cabal de que esse dólar é um estimulador de compras internacionais", exemplificou.

Sobre as taxas de juros, Pimentel ressalta que o país não está atingindo um equilíbrio entre juros e inflação. Ele argumenta que o Brasil é atualmente o país que tem a maior taxa de juros real (diferença entra a taxa básica de juros e a meta de inflação) do mundo, com "o dobro da segunda maior taxa, que é a da Turquia". Depois do aumento da taxa básica de juros da economia (Selic) para 19,75% ao ano, conforme anunciado ontem pelo Comitê de Política Monetária (Copom), a taxa de juros real do Brasil passou para 14,65%. A Turquia tem uma taxa de juros reais de 7,5% ao ano.

"Estamos colocando que, na medida em que os números (aumento dos juros) estão sendo postos como uma única, talvez, ferramenta de tentar controlar a inflação, realmente ele impacta e tem reflexos contundentes na formação dos preços do câmbio", disse. "Nós costumamos dizer que ponto de equilíbrio é aquele em que tanto o exportador quanto o importador reclamam e hoje você só vê o exportador na posição de reclamação", acrescentou.

Segundo dados da Abit, o Brasil é o sétimo maior produtor têxtil do mundo, com 6,4 bilhões de peças fabricadas em 2004.A cadeia têxtil registrou um faturamento de US$ 25 bilhões em 2004, com um saldo na balança comercial do setor (diferença entre as exportações e importações) positivo de US$ 657 milhões. Entre empregos formais e informais, o setor contabilizou 1,5 milhão de trabalhadores nas cerca de 30 mil empresas têxteis brasileiras.

O nível de emprego do setor, entretanto, vem caindo desde o início do ano. Dados da Abit apontam que, para uma alta de 131% no saldo entre contratações e demissões em janeiro deste ano, comparativamente ao mesmo mês de 2004, seguiram-se quedas consecutivas de 23,9% (fevereiro), 20,7% (março) e 10,4% (abril). No acumulado de janeiro a abril deste ano em relação ao mesmo período do ano passado, a cadeia têxtil registrou queda de 5,8% (foram gerados 20.892 novos postos de trabalho nos quatro primeiros meses de 2004 contra 19.689 em igual período deste ano).





Fonte: Agência Brasil

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