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Economia
Sexta - 29 de Abril de 2005 às 15:16
Por: Keite Camacho

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Brasília - "Não vou permitir que a inflação volte a ser o grande ladrão do salário do trabalhador desse país", disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante entrevista coletiva concedida à imprensa no salão Oeste do Palácio do Planalto. Lula reafirmou que a meta de inflação do governo é 5,1% para este ano e que é preciso buscar outros mecanismos de controle dela que não a alta dos juros básicos do país. O governo, segundo ele, busca uma taxa de juros mais baixa.

"Eu acho que todos nós, o ministro Palocci (da Fazenda), o Meirelles (presidente do Banco Central), os funcionários todos do Brasil e todo o povo brasileiro, desejamos que a gente encontre uma taxa de juros mais baixa para o país."

O presidente disse que, em relação ao final da década passada, os juros já estão menores. "A média da taxa de juros real de mercado de 2000 a 2002 foi de 15,8%, a média de mercado em 2003 foi 13,2% e a média em 2004 foi de 10,6%. Já a média de 1997 a 1999 foi de 21,4%. Acho que estamos caminhando. Primeiro, para garantir a estabilização da economia, e que a gente possa ter certeza que a inflação não voltará mais", afirmou.

Lula acrescentou que o seu governo está fazendo mais do que agir para diminuir os juros bancários, com o aumento na concessão de créditos consignados. De acordo com ele, essa modalidade de crédito liberou cerca de R$ 13,5 bilhões em 2004, e foi responsável pelo forte crescimento do consumo. Lula afirmou que a ampliação do crédito consignado aos aposentados a juros mais baixos será responsável por aumentar o consumo.

Segundo Lula, os juros baixariam com a menor solicitação de créditos bancários e as cooperativas seriam uma forma de diminuir a procura por estes créditos. "Eu digo sempre, e tenho pedido, em todos o debates que eu faço, para que os comerciantes em cada cidade se organizem em cooperativas. Até porque eu tenho um sonho de transformar o Brasil no maior país cooperativado do mundo. Conheço algumas regiões em que prevalecem as cooperativas e as pessoas são mais solidárias."

O presidente afirmou que essas formas alternativas serviriam "para que um dia o banco perceba que ninguém está indo lá buscar dinheiro" e ofereça juros mais baixos. "Isto já está acontecendo com o crédito consignado, que talvez tenha sido a maior revolução bancária que aconteceu nesses últimos anos no Brasil. O trabalhador deixou de pegar dinheiro com agiota, deixou de pagar 8,5% no cartão de crédito, deixou de pagar o cheque especial, e agora ele vai e pega dinheiro com contrato feito com o sindicato e com os bancos, tanto da CUT, quanto da Força Sindical."

A sociedade poderia reeducar o sistema financeiro, defende o presidente. "Para (o sistema financeiro) entender que somos um país capitalista, que precisamos ter dinheiro em circulação, e que o nosso povo precisa – quando precisar – ter direito a um empréstimo a juros condizentes com a sua possibilidade de pagar."

As declarações de Lula foram uma resposta a 14 perguntas de jornalistas, na primeira entrevista coletiva de tema livre dada a imprensa em dois anos e quatro meses de gestão.





Fonte: Agência Brasil

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