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Saúde
Sexta - 22 de Abril de 2005 às 08:10

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Ira, inveja, cobiça, gula, luxúria, preguiça e avareza. O que, tempos atrás, era motivo para simplesmente queimar na fogueira ganhou um certo charme subversivo e acende a discussão sobre a necessidade de assumir a natureza humana, transgredir e abusar dos sentimentos, ainda que chamados de pecados.

Mas quais os limites dessa liberação? De que maneira esses sentimentos ajudam e até onde prejudicam? Médicos apontam que úlceras, alergias, complicações cardíacas e até câncer podem ter origem nos maus sentimentos que são exteriorizados num momento de ira, por exemplo. Isso sem falar nas doenças sexualmente transmissíveis, passadas ou recebidas nos ataques de luxúria, e nos obesos ou bulímicos, vítimas dos extremos da gula.

São Tomás de Aquino, em sua suma teológica, explica que a característica desses pecados não é sua gravidade, mas a sedução que exercem. "São extremamente desejáveis, tanto que por eles um homem comete muitos outros pecados", escreveu o santo e teólogo.

E assim o são porque representam os pontos fracos mais comuns do ser humano; mexem com desejos e frustrações --secretos ou escancarados--; alimentam o embate eterno entre vício e virtude; vendem cigarros, carros e perfumes; criam guerras e, claro, lotam consultórios de médicos, psicólogos e psiquiatras.

O filósofo Mario Sergio Cortella, professor titular do Departamento de Teologia e Ciências da Religião da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, discorda, porém, de que esses sentimentos sejam necessários a todos em pequenas doses. "Nenhum deles é virtude. São todos vícios, caracterizam exagero. São pecados porque são desmesurados", argumenta. Mas Cortella e o teólogo e também professor da PUC-SP Fernando Altemeyer apontam que a qualidade de vida e a boa saúde física e mental passam pelo equilíbrio dos sentimentos e das ações. "In medio estat virtus" foi o lema proposto por Aristóteles na Grécia Antiga: "a virtude está no meio".

Para o padre Antônio Aparecido da Silva, professor de ética e moral do Instituto Teológico São Paulo, vivemos um desequilíbrio endêmico. "As pessoas acabam tomando um desvio como uma conduta certa", analisa. Segundo o padre, o risco é acabar achando tudo normal.





Fonte: Folha Online

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