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Repórter News - reporternews.com.br
Internacional
Sábado - 02 de Abril de 2005 às 14:10

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A lenta agonia do papa João Paulo II, sua vida e seu papel histórico à frente da Igreja Católica dominam as manchetes e noticiários da Rússia neste sábado.

"Hora de rezar", "Longo caminho para o céu", "Abandonando o trono", "Estamos perdendo o papa", "O mundo se despede dele" e "Os católicos rezam por um milagre" são algumas manchetes que destacam as últimas horas de Karol Wojtyla, nome de batismo do papa.

As redes de televisão e as emissoras de rádio exibem os últimos relatórios sobre o estado crítico do Papa e reportagens sobre as preces dos católicos pelo mundo todo, enquanto a imprensa escrita ressalta o legado do "reformista conservador", segundo expressão do principal jornal russo de negócios, Kommersant.

O jornal destacou que durante os 26 anos de papado, João Paulo II visitou 129 países, desculpou-se pela crueldade da Inquisição na Idade Média e promoveu o diálogo com os judeus e muçulmanos.

A reportagem também lembrou o papel do Papa na queda do comunismo, que pode ter sido o motivo do atentado que sofreu em 1981. Suspeita-se que a KGB - serviço secreto soviético - estivesse por trás do ataque.

Outros meios comentaram que o Papa polonês peregrinou pelos cinco continentes, mas não pôde pisar na Rússia e na China. Na primeira, devido à oposição do Patriarcado Ortodoxo de Moscou e na outra por causa da negativa das autoridades comunistas.

Centenas de católicos compareceram neste sábado, pelo segundo dia consecutivo, à Catedral da Virgem da Imaculada Conceição de Moscou para rezar pela saúde de João Paulo II.

"Todos estamos preocupados com a piora do estado de saúde do papa, mas como cristãos nos reunimos aqui, na 'Terceira Roma', para rezar por ele", declarou ontem o arcebispo de Moscou, Tadeusz Kondrusiewicz, antes de celebrar a missa.

O arcebispo, que no dia 8 de março visitou o papa no hospital Gemelli de Roma para transmitir-lhe os melhores votos dos católicos da Rússia, louvou "o valor" que, apesar da gravidade de seu estado, o Pontífice vem demonstrando nestas últimas horas.

"Hoje, nestas horas de dor e sofrimento, tão difíceis para Vossa Santidade, entrego seu destino às mãos da Divina Providência e peço que elevem suas orações, reforçadas por bons ofícios e atos de misericórdia", apontou Kondrusiewicz.

A Igreja Ortodoxa Russa, a Federação das Comunidades Judaicas da Rússia e o Conselho dos Muftis, que dirige as organizações muçulmanas do país, expressaram sua solidariedade com a Igreja Católica.

"Nestas dias tão difíceis para a Igreja Católico-Romana muitos na Rússia e na Igreja Russa se solidarizam com ela e desejam boa saúde à Vossa Santidade, o papa João Paulo II", declarou o padre Vsevolod Chaplin, chefe adjunto do departamento de relações exteriores do Patriarcado de Moscou.

Boruh Gorin, porta-voz da Federação das Comunidades Judaicas, expressou "o enorme respeito e compaixão dos judeus da Rússia" em função do crítico estado de saúde do Papa.

"Não houve, em toda a História, melhores relações entre as comunidades católicas e judaica que durante o pontificado de João Paulo II", declarou Gorin, segundo a agência russa Interfax.

O porta-voz também lembrou que o Pontífice teve o valor de condenar e desculpar-se pela perseguição aos judeus nos tempos da Inquisição e que foi o primeiro papa da história a visitar uma sinagoga.

"Consideramos João Paulo II uma das figuras religiosas mais brilhantes da história da humanidade", acrescentou.

Ravil Gaynutdin, chefe do Conselho dos Muftis da Rússia, declarou que os muçulmanos do país "rezam pelo alívio do sofrimento do papa" e "lembram com palavras de respeito o primeiro chefe do Vaticano que pediu perdão pelas cruzadas".

"Graças ao esforço pessoal do papa, o contato dos católicos com os muçulmanos durante este pontificado se multiplicou consideravelmente, inclusive na Rússia", afirmou o líder espiritual dos muçulmanos da Federação Russa.




Fonte: EFE

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