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Repórter News - reporternews.com.br
Internacional
Sábado - 02 de Abril de 2005 às 09:41
Por: Philip Pullella e Robin Pomero

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O papa João Paulo 2o. alterna períodos de consciência e inconsciência, disse o Vaticano no sábado, enquanto católicos do mundo inteiro se preparam para a morte do pontífice, que combateu o comunismo e defendeu a doutrina da Igreja.

O Vaticano disse que o papa, cuja saúde há muito debilitada piorou abruptamente na quinta-feira, continua em estado muito grave e perdendo a consciência de forma intermitente.

"Desde o amanhecer de hoje, estamos notando que o estado de consciência do papa está comprometido", disse a repórteres o porta-voz Joaquin Navarro-Valls.

"Isto não significa de forma alguma que ele esteja em coma. Quando fala, seus olhos estão abertos e ele permanece consciente, mas às vezes parece estar dormindo", disse Navarro-Valls.

Preparando-se para a morte do papa, fiéis ao redor do mundo se uniram em preces pelo pontífice polonês que liderou a Igreja Católica por 26 anos — o terceiro mais longo pontificado — e que visitou mais países do que qualquer dos seus antecessores.

"Se Deus decidir que o papa deve morrer, espero que Deus nos dê um outro papa igualzinho ao nosso querido João Paulo", disse à Reuters Gregoria Elabastina, freira das Filipinas,.

Milhares de pessoas se reuniram na Praça São Pedro para ficar mais perto do papa, que está na cama do quarto papal, que dá para a praça.

"ÚLTIMAS HORAS"

Apesar dos períodos de inconsciência, o papa ainda demonstra sinais de reconhecimento das pessoas, disse o cardeal italiano Achille Silvestrini, depois de visitar João Paulo pela manhã.

Navarro-Valls disse que o papa fez um esforço para falar na tarde de sexta-feira, aparentemente pensando nos jovens que conheceu durante suas viagens a 129 países do mundo.

"Ele parece ter dito a seguinte frase: 'Eu procurei por vocês. Agora vocês vieram a mim. E eu agradeço"', disse o porta-voz do Vaticano.

Mas o cardeal Joseph Ratzinger, principal coordenador doutrinário do Vaticano, disse que o papa "sabe que está indo de encontro a Deus".

"Parece que estas são suas últimas horas de vida", disse à Reuters o cardeal Wilfred Napier da África do Sul.

O papa, que já foi atleta, teve sérios problemas de saúde, tendo sido inclusive baleado por um atirador turco em uma tentativa de assassinato em 1981. Nos últimos anos, João Paulo vem sofrendo do mal de Parkinson e foi hospitalizado às pressas por duas ocasiões em fevereiro devido a crises respiratórias.

Ele não conseguiu se recuperar de uma traqueostomia e na quinta-feira começou a ter febre alta e chegou a receber a unção dos enfermos, conhecida anteriormente como extrema-unção.

Na sexta-feira, o Vaticano disse que o coração e os rins do papa estavam comprometidos, a respiração estava fraca e a pressão havia caído muito.

PONTIFICADO HISTÓRICO

Fiéis na Europa, Ásia, África e Américas fizeram preces especiais para o papa, que revitalizou a Igreja e levou a visão do cristianismo às massas.

A China, que não permite que seus católicos reconheçam a autoridade do Vaticano, fez o gesto raro de expressar preocupação em relação à saúde do papa e disse esperar sua recuperação.

Bobby Brown, diretor internacional do Congresso Judaico Mundial, em Israel, disse que a Igreja Católica havia se tornado uma aliada do povo judeu. "Há uma enorme diferença entre a Igreja Católica de 20 ou 50 anos atrás e a de hoje."

O polonês Karol Wojtyla foi eleito papa no dia 16 de outubro de 1978, uma escolha surpreendente para o Vaticano, depois da morte de João Paulo 1o., que ficara apenas um mês no posto.

Durante seu pontificado, João Paulo 2o. continuou a lutar contra a opressão do comunismo e contra as violações aos direitos humanos no mundo.

A Secretária de Estado norte-americana, Condoleezza Rice, disse que o papa "foi um dos principais envolvidos" na queda do comunismo na Europa.

Mas sua postura ortodoxa em relação a muitas doutrinas da Igreja foi alvo de crítica pelos católicos liberais nos países desenvolvidos, que se opunham às idéias do papa contra a contracepção, o aborto, o casamento de padres e ordenação de mulheres.

Depois da morte do papa, mais de cem cardeais serão convocados a Roma para escolher um sucessor, em um conclave que normalmente começa na Capela Sistina do Vaticano, de 15 a 20 dias depois da morte do pontífice.

Não há candidatos favoritos para suceder João Paulo 2o., mas alguns clérigos acreditam que o próximo papa deveria ser originário de algum país em desenvolvimento, onde a concentração de fiéis é maior. Quase a metade de todos os católicos estão na América Latina.

Os rituais de luto pelo papa deverão durar nove dias, e o corpo de João Paulo 2o. deverá ser enterrado na cripta debaixo da Basílica de São Pedro.




Fonte: Reuters

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