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Internacional
Terça - 29 de Março de 2005 às 16:41
Por: Lin Noueihed

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O primeiro-ministro pró-sírio do Líbano disse na terça-feira que vai renunciar porque não conseguiu convencer a oposição anti-síria a participar de um governo de união nacional que deveria durar até as eleições de maio.

Numa manobra que pode retardar as eleições, Omar Karami disse a jornalistas que não está disposto a chefiar um gabinete que não inclua nomes de todo o espectro político.

"Não estou disposto a formar um governo deste tipo e vim apresentar esse quadro ao presidente [do Parlamento]. Vou visitar o presidente para informá-lo desta decisão", afirmou o primeiro-ministro após reunião com o presidente do Parlamento, Nabih Berri.

Karami renunciou há um mês, diante das manifestações populares e da pressão internacional pela desocupação síria, mas acabou sendo reconduzido ao cargo com o objetivo de formar um governo de união nacional.

A oposição se recusa a participar de qualquer gabinete antes das eleições para o novo Parlamento, hoje dominado por aliados de Damasco.

Karami deve comunicar a renúncia ao presidente Emile Lahoud na quarta-feira. Lahoud então tornará a consultar as lideranças parlamentares para escolher um novo premiê, processo que pode retardar as eleições.

A oposição acusa Karami de procrastinar para evitar as eleições e pediu que ele forme o governo sem oposicionistas. O antigo gabinete ainda está funcionando interinamente.

Dando mais um passo para cumprir a promessa de desocupar o Líbano, cerca de 12 veículos militares sírios cruzaram a fronteira de volta para a Síria na terça-feira. Cerca de metade dos 14 mil soldados sírios já regressaram, e os demais foram mobilizados para o leste do vale do Bekaa.

"[O presidente sírio, Bashar al] Assad deu instruções para que a retirada aconteça rapidamente", disse o ministro libanês da Defesa, Abdel Rahim Mrad, à Reuters. "Mas nada foi marcado ainda".

Uma comissão militar sírio-libanesa deve se reunir na próxima semana para definir o cronograma da desocupação completa. A ONU espera que isso ocorra antes das eleições, e pode também determinar uma investigação internacional sobre a morte do ex-primeiro-ministro Rafik Hariri, que foi o estopim das manifestações anti-sírias em Beirute. Damasco nega envolvimento com o crime.

O chefe da inteligência militar libanesa, general Raymond Azar, tirou uma licença de um mês, segundo fontes de segurança, diante dos apelos da oposição, após o assassinato de Hariri, para que os chefes de segurança pró-sírios se demitissem.

Tais renúncias, por enquanto, não ocorreram, mas o Líbano aceitou um relatório da ONU que diz que a comissão internacional não pode investigar a morte de Hariri satisfatoriamente enquanto os chefes de segurança permanecerem nos cargos.

Karami disse que está mantendo sua promessa anterior de só aceitar o governo se for para chefiar um gabinete amplo de união nacional. Ele afirmou que não está disposto a colocar figuras relativamente apartidárias nos ministérios, como quer a oposição.

"É óbvio que eles estão gastando todo o tempo, um mês e alguns dias, para não formar um governo e evitar eleições", disse o deputado oposicionista Ghazi al-Aridi à Reuters.




Fonte: Reuters

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