Presidente do Consea diz que política social não pode estar subordinada à lógica econômica

Brasília - O presidente do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), Francisco Menezes, defendeu hoje que as políticas sociais não podem estar subordinadas à lógica econômica do país. "Precisamos romper uma lógica que persiste de subordinação do social ao econômico. Ao trabalharmos as metas sociais estamos contribuindo para que essa lógica, que é tão persistente e se impõe de tal maneira, seja superada", afirmou Menezes ao participar de debate na 32ª Sessão do Comitê Permanente de Nutrição das Nações Unidas (SCN/ONU), em Brasília.

Questionado se a afirmação era um recado para a equipe econômica do governo Lula, Francisco Menezes disse que essa é uma mensagem permanente. "Na verdade, o social e o econômico são absolutamente essenciais e qualquer projeto de política pública tem que considerar os dois", explicou o presidente do Consea. "O que não pode haver é o retorno àquela idéia de quase 20 anos atrás de que é preciso primeiro fazer o bolo crescer para depois reparti-lo", acrescentou.

A gerente da campanha das Metas do Milênio, Marielza de Oliveira, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) no Brasil, também defendeu que as ações de combate às desigualdades não podem ser vistas apenas pela ótica econômica. "Eu costumo brincar que, se o Bill Gates (presidente da Microsoft) entrasse por aquela porta agora, a renda per capita de todo mundo subiria US$ 1 bilhão. Ia adiantar alguma coisa?", questionou a gerente. "Nós tratamos sempre da desigualdade de renda esquecendo que existem outras desigualdade tão ou mais degradantes".

Para Francisco Menezes, a superação dos problemas sociais passa por uma pactuação entre governo e sociedade, assim como, segundo ele, foi feito um "pacto silencioso" pela estabilidade econômica. "Da mesma maneira, no tocante às metas sociais é necessária uma intensa discussão entre governo e sociedade para o estabelecimento de um pacto", afirmou.

A 32ª Sessão do Comitê Permanente de Nutrição das Nações Unidas está avaliando o que os países têm feito para cumprir as Metas de Desenvolvimento do Milênio, em especial, a que define que a fome e a pobreza têm que ser reduzidas pela metade até 2015. As metas, definidas pelos países integrantes das Nações Unidas, prevêem melhoria das condições de vida em relação à educação, saúde, igualdade de gênero, desenvolvimento econômico e ambiental.