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Economia
Quinta - 10 de Março de 2005 às 11:37

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Uma das principais obras entregues no governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), a ponte rodoferroviária sobre o Rio Paraná, que liga os Estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul, vem sofrendo um processo de deterioração desde sua inauguração, em maio de 1998. E o que é pior: pode ser interditada e colocar em risco o escoamento da produção de grãos de Mato Grosso, principal fomentador da ferrovia.

A ausência de manutenção na obra surgiu em razão de uma cláusula de um convênio, assinado em 1991 pelo governo de São Paulo e a União, que determinava que só seria definido quem administraria a ponte após a conclusão da obra.

Várias instalações previstas no projeto de construção, como posto da Polícia Rodoviária, posto da Secretaria da Agricultura, Secretaria da Fazenda e Centro de Controle Operacional ainda não foram construídas. Segundo cálculo da Secretaria dos Transportes do Estado de São Paulo, cerca de R$ 20 milhões precisam ser empenhados para o término da obra.

A ponte tem 3,8 quilômetros. Em algumas pilastras de sustentação da ponte, a ação de cupins começa a corroer as estruturas. Toda a rede de cabos de eletricidade que abastecia a ponte foi furtada em menos de sete anos. Em parte dos postes elétricos --que não contam mais com lâmpadas-- as hastes que antes serviam de apoio às luminárias estão soltas e costumam cair sobre as pistas. Crateras no asfalto também são encontradas com facilidade.

Ao anoitecer, percorrer o trecho da ponte é uma tarefa arriscada, em razão da falta de iluminação no local.

Uma associação que reúne 120 prefeitos do interior de São Paulo prevê que a ponte seja interditada nas próximas semanas se não houver nenhum tipo de medida do Ministério dos Transportes para reparar o abandono do local.

A ponte tem quatro pistas para veículos e sob elas estão os trilhos da Brasil Ferrovias S.A., por onde passam trens que escoam a produção agrícola da região Centro-Oeste e de São Paulo ao porto de Santos. A ponte rodoferroviária foi idealizada para facilitar o transporte de grãos rumo ao porto de Santos e gerar economia no frete.

Segundo dados da Brasil Ferrovias S.A, no ano passado foram transportados pela ponte cerca de 6 milhões de toneladas de cargas, com cerca de 80% correspondendo à soja. Para o diretor de comunicação da empresa, José Roberto Walker, a atual situação da ponte preocupa. "Não é o ideal, precisa haver uma definição de quem irá assumir a responsabilidade de administrar a obra."

O convênio assinado entre o governo de São Paulo e a União, que viabilizou a construção da ponte, acordava que o governo federal captaria 80% dos recursos destinados à execução da obra e o governo de São Paulo completaria os outros 20%.

Em 1999, o convênio foi extinto e, desde então, a ponte permanece entregue ao abandono. A obra custou aos cofres públicos R$ 586,3 milhões e, durante sua construção, foi alvo de denúncias de superfaturamento pelo TCU (Tribunal de Contas da União).





Fonte: Folha de São Paulo

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