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Nacional
Terça - 08 de Março de 2005 às 05:34
Por: Tânia Monteiro

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Brasília - Na semana em que poderá ser deflagrada a tão esperada reforma ministerial, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou um discurso para cerca de três mil prefeitos, ao lado de 14 ministros, para recomendar "humildade" a todos enquanto estiverem nos cargos, lembrando que "o cargo é passageiro". Citando o ex-ministro da Educação do governo João Figueiredo, Eduardo Portela, que, à época, declarou que "não era ministro, mas estava ministro", o presidente afirmou: "Parece uma frase qualquer, mas se todos os governantes, prefeitos, vereadores, deputados, senadores e presidentes tivessem essa frase como paradigma para o comportamento, nós seríamos muito mais humildes na nossa relação com a sociedade, nós atenderíamos os outros com muito mais carinho".

Lula observou que "todos estão exercendo um cargo e, depois do mandato, cada um vai voltar para a vida particular e, se ele não tratou os outros bem, ele vai perceber que os outros não estão esperando por ele, que os amigos já fizeram outras amizades. E vocês sabem que nem todo mundo sabe viver sem corte".

Ele ainda acrescentou: "A gente tem que ter muita consciência de que o mandato é muito passageiro e que, portanto, voltamos a ser o que éramos antes porque não há eternidade na função, senão a democracia corre sérios riscos".

Os prefeitos estão em Brasília participando da VIII Marcha a Brasília em Defesa dos Municípios, na qual apresentaram inúmeras reivindicações, mas até agora não viram nenhuma delas atendida. Em seu discurso, parte dela de improviso, parte lida, o presidente apelou aos prefeitos para que "pressionem" o Congresso para que conclua a votação da reforma tributária.

"Ela não pode ficar pela metade", argumentou o presidente, salientando que, assim, a reivindicação do aumento de 1 ponto porcentual nos repasses do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) será atendido. "Precisamos da parceria dos prefeitos para concluir a reforma tributária", observou ele, voltando a fazer críticas ao governo do ex-presidente Fernando Henrique. m"Podem ficar certos de que, se vocês compararem a relação entre os entes federativos com oito anos atrás, vocês verão que já entraram no reino dos céus, tal é a facilidade que existe hoje", afirmou ele, sem, no entanto, prometer que vai atender a algum dos pedidos dos prefeitos.

Lula lembrou que não foi fácil conseguir aprovar várias medidas no Congresso, como a divisão da Contribuição de Intervenção sobre o Domínio Econômico (CIDE), e avisou: "Quem não tem dinheiro quer mais e quem tem, não quer repartir".

Em seguida, reiterou que jamais se avançou tanto na relação aos municípios como em seu governo e anunciou que, depois das salas criadas na Caixa Econômica Federal, em Brasília, para receber os prefeitos, a partir de agora, cada ministro vai criar uma assessoria para acompanhar os assuntos de interesse dos prefeitos. O presidente recomendou, ainda, aos prefeitos que não mintam se não for possível atender as reivindicações da população.

Lula recomendou, também, aos prefeitos que sugiram aos comerciantes de suas cidades que criem cooperativas de créditos para não terem de se submeter aos altos juros bancários quando precisarem de empréstimo. "Que os comerciantes se cotizem e que, depois, na hora em que precisarem R$ 10 mil emprestados, eles não tenham que trocar uma duplicata em um banco pagando os juros da cara", comentou o presidente. "Ele pode ir na cooperativa dele e trocar essa duplicata a um spread muito mais barato, ao invés de ficar chorando a baixa dos juros, porque nem sempre ela vai baixar como se quer", declarou, ao salientar que "é preciso que a gente crie mecanismos inovadores, daí o sucesso que teve o empréstimo consignado neste País".

Antes de Lula, falou o presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), que fez críticas ao Orçamento Geral da União, a que denominou "peça de ficção". Segundo o senador, somente com mudanças reais no orçamento é que haverá distribuição de renda no País.




Fonte: Agência Estado

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