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Repórter News - reporternews.com.br
Internacional
Segunda - 07 de Março de 2005 às 17:04
Por: Phil Stewart

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Depois de uma série de sequestros de seus cidadãos no Iraque, os italianos começam a achar que estão pagando pela percepção de que a política estatal é pagar o resgate para libertar reféns.

Dez italianos foram sequestrados no Iraque no último ano, um número desproporcionalmente alto em comparação aos Estados Unidos e à Grã-Bretanha, que se opõem veementemente ao pagamento de resgate — mesmo que isso signifique a morte do refém.

A última refém italiana, a premiada correspondente de guerra Giuliana Sgrena, foi libertada pelos sequestradores na sexta-feira, em meio a informações sobre o pagamento de um resgate milionário, que até mesmo um ministro do governo chamou de "provável".

Mas, em vez de comemorar a libertação de Sgrena, a Itália está chocada com a morte de um agente da inteligência, alvejado por soldados norte-americanos quando escoltava a jornalista para fora do país.

"Temos de repensar nossa estratégia em relação aos sequestros", disse o primeiro-ministro Silvio Berlusconi, segundo o jornal Il Messaggero de segunda-feira.

Berlusconi sempre negou ter autorizado o pagamento de resgates, dizendo apenas que seu governo teve de fazer "escolhas difíceis". Mas, em declarações extra oficiais, autoridades afirmam que grandes somas em dinheiro foram pagas.

Lucia Annunziata, ex-presidente da televisão estatal RAI, disse na segunda-feira que, de acordo com cálculos feitos por fontes do governo, a Itália pagou às guerrilhas sunitas quase 15 milhões de dólares em troca da libertação de reféns no último ano.

"A frequência de nossos sequestros transformou aquilo que era uma opção extraordinária, de emergência, em política pura e simples", disse Annunziata, que trabalhou este ano no Iraque pelo jornal La Stampa.

O La Stampa afirmou no fim de semana que a Itália pode não ter informado os Estados Unidos sobre a missão para libertar Sgrena, com medo de que o país tentasse impedir o pagamento de resgate. Segundo o jornal, essa falta de coordenação fez com que as forças dos EUA não soubessem que agentes italianos estavam a caminho do aeroporto de Bagdá com a refém.

Já Sgrena sugeriu que os americanos podem ter atirado deliberadamente contra ela para demonstrar seu descontentamento com as negociações.

"Acho que o final feliz para as negociações pode tê-los incomodado. Os americanos são contra esse tipo de operação. Para eles, guerra é guerra. A vida humana vale pouco", disse ela ao jornal Corriere della Sera.

O porta-voz da Casa Branca, Scott McClellan, disse na segunda-feira que a sugestão é "absurda".

Mesmo em sequestros dentro do país, a Itália tem a tradição de pagar resgate. Mas as negociações são feitas em sigilo, principalmente depois da introdução da lei, há mais de dez anos, que torna crime pagar pela liberdade.

Dois dos reféns italianos foram assassinados no Iraque. Segundo um aliado de Berlusconi, o resgate para um deles não foi pago a tempo.

A Itália ordenou no mês passado que todos os seus jornalistas deixassem o Iraque. "Os italianos no Iraque serão cada vez mais alvos", disse à Reuters Mustafa Alani, analista de segurança do Centro de Pesquisa do Golfo, em Dubai. "Quando você se acostuma a pagar resgate, certamente há um elemento de incentivo a essas atividades."





Fonte: Reuters

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