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Politica Brasil
Segunda - 07 de Março de 2005 às 10:47

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A ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy retorna nesta semana de uma viagem à Europa e à Índia para iniciar sua pré-campanha ao governo do Estado de São Paulo, dando sua contribuição para um cenário que causa calafrios no Palácio do Planalto e na cúpula do PT: a realização de uma "superprévia" no ano que vem.



Já são pré-candidatos declarados o líder do Governo no Senado, Aloizio Mercadante, e o ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha, que estão percorrendo o Estado. Marta ainda não assumiu abertamente, mas é "candidatíssima", na definição de auxiliares.

Após o trauma da derrota na eleição para a presidência da Câmara, a repetição de um cenário de divisão acendeu o sinal vermelho no PT e no governo, temerosos de que a luta interna atrapalhe os planos de reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Avalia-se que a prévia ocorrerá a menos que Lula jogue pesado para obter um acordo.

"O melhor seria evitar a prévia. Vou trabalhar intensamente para um acordo", diz o presidente do PT, José Genoino.

"Espero que os três tenham juízo e façam um acordo", ecoa o presidente estadual do partido, Paulo Frateschi.

Com a saída de João Paulo Cunha da presidência da Câmara e a volta de Marta Suplicy, a corrida pela indicação, hoje camuflada em contatos de bastidores, aquecerá a partir deste mês. Aliados já disseram que os três estão dispostos a disputar prévia, caso isso seja necessário.

Titânicos

O que assusta o PT é uma prévia entre três figuras "titânicas" do partido, na definição de um dirigente. "Uma coisa é disputar contra um candidato da esquerda partidária, para marcar posição, outra é uma disputa entre três candidatos do mesmo campo político", diz Frateschi.

A tese é que, sendo os três candidatos parecidos politicamente, terão de se diferenciar de maneira artificial. E aí reside o perigo de um racha. Os dirigentes petistas evitam parecer que estão de salto alto, mas sabem que as condições para a conquista do governo nunca foram melhores.

Acreditam que há uma "fadiga de material" após 12 anos de governo do PSDB e depositam esperanças na falta de um adversário tucano forte.

Mas na memória do partido está a disputa entre Tarso Genro e Olívio Dutra, hoje, respectivamente, ministros da Educação e das Cidades, para a candidatura ao governo do Rio Grande do Sul em 2002. Os dois acabaram rachando o PT, que perdeu o pleito para o PMDB do atual governador, Germano Rigotto.

O cenário de uma eleição interna com nomes importantes do partido, dando uma demonstração de divisão interna, é considerado potencialmente desastroso para a reeleição de Lula, podendo fragilizar seu palanque no principal colégio eleitoral do país.

A chance de um acordo se daria no caso de um apelo de Lula, com compensações para os que saírem derrotados. Cogita-se que João Paulo poderia ganhar um ministério ou a liderança do Governo na Câmara, mas ele não está disposto a aceitar isso como prêmio de consolação. "Não estou pedindo ministério para desistir", tem dito o deputado em conversas reservadas.

Já Mercadante aposta que haverá unidade -em torno, naturalmente, de seu nome. "Lula deve ser ouvido, porque sua reeleição está relacionada a esse processo. O PT está maduro para ganhar o governo do Estado, mas, para isso, é preciso unidade", afirma.

Um exemplo do que deverá ser a briga em São Paulo é a eleição para o diretório estadual do partido, que hoje é alinhado ao nacional. O grupo de Marta ameaça lançar chapa própria. Calendário

Hoje, considera-se que Mercadante tem um leve favoritismo, até porque se lançou primeiro. Tem como trunfos o apoio de Lula e o patrimônio de cerca de 10 milhões de votos conquistados em sua eleição, em 2002.

O senador percorreu o Estado durante o recesso de janeiro, privilegiando cidades em que o prefeito é do PT. Mas, no PT, avalia-se que João Paulo cresceu muito no partido nos últimos dois anos e é popular com a militância, pelo estilo "conciliador".

No final do ano passado, reuniu 3.000 pessoas em uma plenária em São Paulo. Para completar, existe o fator Marta, que hoje tem uma relação estremecida com o presidente.

O diálogo entre os dois ficou ruim logo após Marta ter sido derrotada na disputa pela reeleição em São Paulo, quando ela disse que perdeu o pleito em razão da política econômica do governo federal. Lula acha que Marta não foi leal, já que o governo teria dado os recursos demandados pela ex-prefeita, além de ele próprio ter participado da campanha.

Mas os correligionários de Marta respondem que, apesar da derrota, a prefeita terminou o governo com uma boa avaliação, conforme pesquisas, o que a gabarita para o Palácio dos Bandeirantes.

A imagem política da ex-prefeita é considerada forte pelo PT, o que será trabalhado a partir de agora em uma série de eventos e palestras pelo Estado, sob a égide de seu recém-criado instituto.





Fonte: 24 Horas News

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