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Repórter News - reporternews.com.br
Internacional
Sábado - 05 de Março de 2005 às 18:55

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Seqüelas físicas, um grande leque de problemas psicológicos e a continuação do processo de luto marcam, um ano depois, a vida das vítimas e dos familiares dos mortos nos atentados de 11 de março em Madri.

Enquanto a cidade se prepara para lembrar o primeiro aniversário dos ataques, os sobreviventes do massacre e os parentes dos 192 mortos enfrentam o medo de reviver o horror daquele dia e tentam, pouco a pouco, voltar à normalidade.

No entanto, dos mais de 1.500 feridos nos atentados, mais de 200 apresentam problemas físicos, tiveram membros amputados, queimaduras ou outro tipo de lesão que os obriga, um ano depois, a continuar em tratamento e reabilitação.

Isso faz com que muitos deles ainda não tenham conseguido voltar ao trabalho.

Junto às seqüelas físicas, os problemas psicológicos continuam afetando a vida dos atingidos pelo 11-3.

Metade das vítimas e parentes que tiveram depressão, estresse pós-traumático ou pânico inicialmente continuam sofrendo do mesmo quadro, segundo um estudo da Universidade Complutense de Madri (UCM) sobre a evolução dos efeitos psicológicos dos ataques, cuja autoria foi atribuída ao terrorismo islâmico.

Se quase 40% deles sofria de depressão pouco depois da tragédia, a metade continua com a patologia. Dos que apresentavam transtorno por estresse pos-traumático, 54% ainda têm os sintomas.

Além disso, 48,8% dos que tiveram ataques de pânico apresentam um quadro de transtorno de pânico, mostra a pesquisa, elaborada sobre uma amostra de cerca de 1.600 pessoas, entre outubro e dezembro.

Para o professor de Psicologia Básica da UCM, Juan José Miguel Tobal, "de maneira geral há uma boa evolução, embora haja pessoas com patologias severas que ainda têm um longo percurso até sua recuperação".

Mas não foram apenas as vítimas e seus próximos que sofreram o impacto dos atentados. Na população de Madri, aumentou 17% o consumo de tabaco, álcool e tranqüilizantes desde os atentados.

Além disso, cerca de 72 mil pessoas têm ataques de pânico crônicos e aproximadamente 62 mil ainda sofrem de depressão das 200 mil que apresentaram este quadro na primeira avaliação do estudo entre abril e junho de 2004.

O transtorno por estresse pós-traumático exclusivamente relacionado com o 11-3 afetou cerca de 57 mil pessoas, das quais uma a cada cinco continua com os sintomas.

Um grupo que enfrentou diretamente a tragédia daquele 11 de março foi o pessoal de emergência, mas curiosamente este é o grupo que melhor assimila o impacto.

Mesmo com os preparativos que estão sendo preparados em Madri para as comemorações da próxima sexta-feira, a maioria das vítimas e seus próximos prefere não comparecer aos atos.

Assim, os membros da Associação 11-3 Afetados pelo Terrorismo não participarão das homenagens, pois, segundo a sua presidente Pilar Manjón, que perdeu um filho nos atentados, "esse será para nós um dia de silêncio".

À margem das comemorações oficiais nas quais participarão as principais autoridades espanholas e dirigentes estrangeiros presentes em Madri para a Cúpula Internacional sobre Democracia, Terrorismo e Segurança, os meios de comunicação espanhóis dedicarão programas especiais para lembrar o acontecimento.

As vítimas reconhecem seus medos diante das imagens que possam ser divulgadas e, por isso, o presidente do governo espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, pediu que seja evitada "a reiterada difusão de imagens muito fortes" sobre o 11-3.





Fonte: EFE

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