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Saúde
Quinta - 03 de Março de 2005 às 14:04
Por: JESIEL PINTO

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Desde o final do ano passado a Secretaria de Estado de Saúde, em convênio com o Hospital Geral Universitário (HGU), realiza operações para corrigir malformações orofaciais, especificamente as conhecidas como fissura labial e palatal. Os que necessitam de tais correções são, na maioria dos casos, bebês e crianças. Mas adultos também são tratados pelo HGU. Já foram realizadas 13 cirurgias em portadores dessas más-formações. O convênio tem a duração de três meses e pode ser prorrogado por mais três meses.

A parte da Secretaria de Estado de Saúde no convênio vai desde o financiamento da cirurgia, passando pelo fornecimento gratuito do aparelho ortodôntico, pagamento de custos com hospedagem dos pacientes, com um acompanhante, em casas de apoio e até de transporte dos que moram no interior. A coordenadora do projeto e da equipe cirúrgica da Faculdade de Odontologia do HGU, médica e professora Kátia Tavares Serafim da Silva, comentou que “nunca vi uma participação desse tipo no serviço público de Saúde, em lugar algum, em todos os meus anos de serviço”. Ela lembrou que a encampação do projeto pela Faculdade de Odontologia foi essencial para o sucesso do empreendimento.

O superintendente adjunto de Atenção Integral à Saúde, Luis Fernando Rogério, revelou que a Saúde está tentando concretizar, junto ao Ministério da Saúde, o credenciamento do HGU para que a quantidade de pessoas atendidas possa aumentar e as cirurgias não sofram ameaça de interrupção. “Recebemos 38 encaminhamentos, feitos pela Central de Regulação do SUS, entre novembro e fevereiro”, explicou Luis Fernando. “Essa cirurgia é de alta complexidade e estamos trabalhando com recursos do SUS, por força do convenio celebrado, mas o credenciamento vai proporcionar que o atendimento não seja interrompido”.

Ele mencionou um efeito colateral positivo do atendimento aos portadores de malformação congênita orofacial: “As cirurgias de correção das fissuras labiais e palatais estão gerando a criação de um mercado de trabalho para a especialidade cirúrgica e capacitando novos profissionais para atuar nesse mercado”.

PROCEDIMENTOS – As cirurgias de correção de fissuras labiais e palatais são cercadas de cuidados que garantam o sucesso do procedimento. Estão envolvidas no processo as áreas de odontologia de bebês, odontopediatria, odontologia de restauração, pediatria, otorrinolaringologia, fonoaudiologia, aleitamento materno, fisioterapia, psicologia e buco-maxilofacial.

Enquanto são preparados para o procedimento operatório e após as cirurgias os pacientes são submetidos a vários exames que acompanham tanto a habilitação como o progresso da intervenção. São realizados hemogramas, Raios-X panorâmicos, audiometrias, ecocardiogramas de risco cirúrgico, exames pré e pós-anestésicos e documentação ortodôntica que permite a formatação de modelos para a colocação dos aparelhos ortodônticos. As chapas de Raios-X são capítulos à parte tanto na complexidade quanto na ajuda que dão aos médicos para melhor realizar a correção labial e palatal. São feitos Raios-X de mandíbula, maxilares, dos seios nasais e dos seios da face.

Os serviços prestados pela Saúde, nesse setor, vão além do cuidado com a internação e o procedimento cirúrgico. Porque o processo de completa recuperação da criança, no caso da malformação orofacial, pode levar de dois meses a 17 anos. Nesse período o paciente passa por várias cirurgias. Para que os moradores do interior não interrompam o tratamento a Saúde banca todas as despesas deles, e de um acompanhante, para que fiquem perto do hospital e recebam a atenção completa até a cura total.

As cirurgias de reparação de fissuras labiais e palatais são realizadas no Hospital Geral Universitário em dias diversificados de acordo com o tipo de reparação necessária. Nos casos em que é necessária uma cirurgia bucomaxilar, em que a intervenção envolve reparação da arcada dentária, quer seja inferior ou superior, as cirurgias são realizadas nas quintas e sextas-feiras, no horário da tarde. Quando a reparação requer reconstrução labial, que envolvem uma operação plástica, o procedimento é realizado na segunda-feira, na parte da manhã, e na quinta-feira, na parte da tarde.

INVESTIGAÇÃO – Parte importante do processo de reparação de malformações orofaciais, ou fissuras labiais e palatais, é uma investigação médica idealizada e projetada há três anos pela médica Kátia Tavares, que é realizada no intuito de se descobrir o que provoca essa malformação. Os médicos envolvidos no processo já sabem que as fissuras labiais e palatais são lesões que nascem com o indivíduo. O que eles precisam saber é o que acontece, durante a gestação, que pode contribuir para isso.

Visando obter informações que levem a uma análise das variáveis que podem determinar isso a equipe conversa com mulheres cujos bebês apresentaram algum tipo de malformação orofacial em busca de informações. Os dados coletados nessas conversas são confidenciais e as mães não são obrigadas a fornecê-los, sendo voluntária a participação na investigação. Não há qualquer risco para a saúde das mães e elas podem retirar o consentimento para que a investigação prossiga a qualquer momento que desejarem, sem qualquer prejuízo do tratamento seu e da criança nos serviços de Saúde do hospital.



Para participar do processo as mães assinam um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido que é o primeiro documento de que se tem notícia, para procedimentos de investigação médica, no Estado. As perguntas envolvem fatos como medicamentos ingeridos durante a gestação, doenças ocasionais durante a gravidez, traumatismos sofridos durante o período e vários outros dados médicos.

O objetivo do estudo é obter fundamentos para avaliação dos fatores que podem contribuir para o surgimento da malformação orofacial bem como para a elaboração de um programa educativo preventivo que venha contribuir para a diminuição do índice da ocorrência desse mal.





Fonte: Assessoria/Ses-MT

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