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Internacional
Quarta - 02 de Março de 2005 às 12:50

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O primeiro-ministro britânico, Tony Blair, exagerou na ameaça terrorista ao numerar em centenas as pessoas que planejavam ataques desse tipo no Reino Unido, segundo fontes da contra-espionagem citadas pelo jornal Daily Express.

As fontes anônimas estabeleceram uma comparação entre esse exagero e o cometido por Blair ao falar da ameaça para o mundo representada pelas armas de destruição em massa em poder de Saddam Hussein para justificar a invasão desse país junto aos Estados Unidos.

O MI5, serviço de contra-espionagem britânico, não está disposto a ver sua reputação abalada por esse tipo de exagero, como ocorreu com o MI6 (espionagem exterior) por causa da guerra no país árabe, disseram essas fontes ao jornal.

Em uma tentativa de justificar um projeto de lei que dá ao ministro do Interior maiores poderes para limitar os movimentos dos suspeitos de terrorismo, Blair declarou na segunda-feira à BBC que o governo acredita que centenas de pessoas estão planejando ou tentado cometer atos terroristas na Grã-Bretanha.

O governo trabalhista insistiu que há um alto risco de que, diante das próximas eleições no Reino Unido, provavelmente em 5 de maio, aconteça um atentado terrorista como o que ocorreu há um ano em Madri justo antes das eleições espanholas.

As fontes do jornal reconhecem que há "um número significativo" de terroristas potenciais, mas consideram um exagero o número de indivíduos que "representam uma ameaça para a segurança nacional e que estão atualmente em solo britânico" apresentado por Blair.

O responsável do Interior da oposição conservadora, David Davis, assinalou uma contradição entre as afirmações de Blair e as de seu ministro do Interior, Charles Clarke.

Segundo Clarke, apenas "algumas poucas pessoas" seriam afetadas pelas ordens de controle (de movimentos dos suspeitos de terrorismo) como parte do polêmico projeto de lei apresentado ao Parlamento.

"Ou o primeiro-ministro tem razão, em cujo caso Clarke é culpado de subestimar gravemente (o perigo), ou é este último que tem razão, e então Blair exagerou para enganar a opinião púbica", declarou o político conservador.

Por outro lado, o responsável pelas medidas antiterroristas do governo trabalhista, Hazel Blears, causou indignação entre os dirigentes da comunidade muçulmana e da Associação Nacional de Policiais Negros ao afirmar que os muçulmanos serão alvo prioritário da polícia.

Segundo Blears, os 1,5 milhão de pessoas dessa religião que vivem no Reino Unido devem conformar-se com o fato de que as pessoas de fisionomia muçulmana terão maior probabilidade de serem revistadas na rua pela polícia que o resto da população.

"Por enquanto, a ameaça (terrorista) é mais provável que proceda dos que estão associados à forma mais extrema do islamismo ou dos que se escondem atrás dele", disse na terça-feira a secretária de Estado trabalhista em um testemunho no Parlamento.

Tanto o presidente da Comissão Islâmica de Direitos Humanos, Masood Shadjareh, como o porta-voz da Associação Muçulmana da Grã-Bretanha expressaram preocupação com essas palavras, que classificaram de insultantes e irresponsáveis já que, segundo eles, em nada contribuirão para a harmonia entre as diferentes comunidades.





Fonte: EFE

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