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Nacional
Quarta - 02 de Março de 2005 às 10:07
Por: Denise Chrispim Marin

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Montevidéu - Depois de apenas 15 dias da criação da aliança estratégica Brasil-Venezuela, os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Hugo Chávez decidiram incluir a Argentina, de Néstor Kirchner, no projeto comum de integração de infra-estrutura, de investimentos conjuntos na área energética e de cooperação tecnológica e outras áreas. O conjunto de 19 projetos fechado no último dia 14, em Caracas, será convertido em uma aliança "trilateral" no encontro desta manhã entre os três presidentes, em Montevidéu.

"Trata-se da mesma aliança. Vamos começar a dar forma a uma espécie de trilateralismo. Estamos dando um passo trilateral em temas como a aliança energética", afirmou Chávez, que tornou-se a grande estrela das esquerdas na cerimônia de posse do novo presidente do Uruguai, o socialista Tabaré Vásquez, e novamente ofuscou a presença discreta do presidente brasileiro. "A aliança estratégica tem que avançar por passos, como acontece com os corpos políticos e sociais. A América do Sul é uma criança de milhares de anos", completou, referindo-se aos objetivos de integração sul-americana.

O assessor especial da Presidência para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, confirmou que o encontro terá como objetivo "dar continuidade à agenda de Caracas". Mas Chávez foi um pouco além. A iniciativa "trilateral" deverá comungar os interesses em investimentos, intercâmbio tecnológico e negócios entre a Petrobrás, a Petróleos de Venezuela (PDVSA) e a Energia de Argentina (Enarsa).

Embora tenha afirmado que não há agenda definida para o encontro de hoje, o tema energético deverá dominar as conversas, por uma razão estratégica para os três países e suas companhias petroleiras bem menos amigável que o sugerido pela expressão "aliança". Há alguns meses, o governo Kirchner criou uma nova empresa petroleira, a Enarsa, que iniciou negociações com a PDVSA com o objetivo dissimulado de se contrapor aos investimentos da Petrobrás na Argentina, em especial no setor de gás. A Petrobrás amarga uma situação complicada na argentina desde que adquiriu parte da Perez Companc e não receber a contrapartida prometida em investimentos adicionais do governo argentino.

O presidente venezuelano também voltou a mencionar a sua tese da necessidade de reforço da estrutura e da cooperação entre as Forças Armadas na América do Sul, "independentemente das ações dos Estados Unidos". Trata-se da idéia de uma "ação cívica e militar dos países da região" que não tem seduzido o governo brasileiro, mas que já pôs em alerta o governo americano. Nos últimos meses, os Estados Unidos criticaram duramente a compra de armamentos e de caças russos pelas forças militares da Venezuela.





Fonte: Agência Estado

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