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Internacional
Terça - 01 de Março de 2005 às 22:37
Por: Luis Jaime Acosta

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Um padre e uma líder política de esquerda acusaram na terça-feira o Exército da Colômbia pela chacina de oito camponeses, incluindo cinco crianças, numa região de selva, um dia depois de os Estados Unidos terem elogiado os avanços do país em relação aos direitos humanos.

O ministro da Defesa negou a responsabilidade do Exército no massacre, ocorrido na semana passada num local afastado do município de Apartadó, no Departamento de Antióquia, 450 quilômetros a noroeste de Bogotá.

"Não se sabe até onde vão os paramilitares e a força pública, mas o que sabemos com certeza é que todos esses crimes foram cometidos diretamente por batalhões da brigada 17", disse o padre Javier Giraldo, com base em testemunhos dos moradores da região.

O escritório do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos denunciou que cinco dos corpos estavam mutilados, e que algumas das vítimas teriam sido mortas a tiros.

O massacre aconteceu numa região onde estão presentes guerrilheiros de esquerda e paramilitares de ultradireita, que lutam pelo controle de uma região estratégica para o tráfico de drogas, dentro do conflito nacional que mata milhares de pessoas ao ano há quatro décadas.

A ONU disse que não tinha informações sobre os autores da chacina, e a Procuradoria Geral da República afirmou num relatório preliminar que há três hipóteses para os culpados: paramilitares, guerrilheiros ou Exército.

A ex-prefeita de Apartadó, Gloria Cuartas, também culpou o Exército. "O que vimos traz as marcas da ação da décima sétima brigada, que vinha fazendo operações na região, assassinando os grupos familiares que encontrasse", afirmou ela.

O ministro da Defesa, Jorge Alberto Uribe, negou as acusações e anunciou a disposição das autoridades militares de colaborar com a investigação.

"A força pública está tranquila porque não cometeu esses abusos, esses crimes, e está oferecendo toda a colaboração à procuradoria no esforço de esclarecer tais fatos", afirmou Uribe.

As vítimas pertenciam à comunidade de San José de Apartadó, que haviam sido desalojadas pelo conflito, mas voltaram a suas casas e se declararam neutras, num ato de resistência civil pacífica.

Pelo menos 154 integrantes dessa comunidade foram assassinados desde 1997, segundo a ONU.

Na segunda-feira, o Departamento de Estado dos EUA reconheceu alguns avanços obtidos pelo governo colombiano na área de direitos humanos, em sua avaliação anual do tema.

O relatório elogiou a redução dos abusos atribuídos às Forças Armadas, embora ainda tenha havido casos de matanças extrajudiciais, desaparecimentos e colaboração com os grupos paramilitares.





Fonte: Reuters

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