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Politica Brasil
Terça - 01 de Março de 2005 às 19:50
Por: Saulo Moreno

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Brasília - As políticas públicas para promoção da igualdade racial desenvolvidas no Brasil são exemplos a serem seguidos pelos países latino-americanos onde a população de negros e afro-descendentes ainda sofre com o problema. Este é o consenso que está sendo formado no Seminário Internacional Saídas da Escravidão e Políticas Públicas, promovido pela Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco) no Palácio do Itamaraty, em Brasília.

No segundo dia de debates, o tema central foram os impactos da 3ª Conferência Mundial contra o Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Intolerância Correlata, realizado em 2001, em Durban, na África do Sul. "A criação da Seppir (Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial) é um marco. Não se trata mais da militância procurando intervir em políticas públicas de saúde, educação etc. Existe agora um órgão de estado para articular esses pensamentos no combate à desigualdade racial", afirmou o professor e pesquisador Amauri Mendes Pereira, do Centro de Estudos Afro-Brasileiros da Universidade Cândido Mendes, no Rio de Janeiro.

Amauri Pereira, que coordenou uma das mesas de debates, analisou dados apresentados por alguns representantes de órgãos públicos e organizações não-governamentais do Brasil e dos 12 países inscritos no seminário. Os colombianos Gustavo Makanaki e Pastor Murillo mostraram, por exemplo, que a falta de indicadores precisos do governo e das próprias entidades de defesa e promoção racial não permitem a implementação de políticas públicas de combate às desigualdades.

Na opinião da moçambicana Dalila de Souza Sheppard, professora de história na Spelman College, uma das melhores universidades para mulheres negras dos Estados Unidos, a população afro-descendente da América Latina e até dos EUA ainda está fora dos melhores processos de educação, do mercado de trabalho e das posições de poder nessas sociedades.

Para Dalila Sheppard, o caminho para um verdadeiro combate ao preconceito contra os negros é a adoção no primeiro e segundo graus e no ensino superior de uma educação com currículos renovados. "É necessário que existam livros que incluam não só a história do afro-descendente durante o período colonial, mas todo o trabalho que eles têm feito até o dia de hoje", disse ela. A professora lembrou que, entre os anos de 1500 e 1870, pelo menos 15 milhões de escravos foram trazidos da África para os países da América e que um número seis ou sete vezes maior morreu durante as caçadas dos traficantes ou durante o transporte.

A coordenadora geral de programas da organização não governamental Action Aid Brasil, Rosana Heringer, destacou que as políticas de combate à desiguldade racial no país tiveram um crescimento importante depois da Conferência de Durban, mas ainda precisam ganhar mais corpo.

"A gente não precisa simplesmente dizer que existe racismo no Brasil, porque esta já é uma mensagem entendida, mas sim discutir as estratégias para superar isso. Acho que já é alguma coisa. Mas, comparando com Estados Unidos e África do Sul, onde existem políticas muito mais direcionadas, a gente vê que o Brasil ainda não está tão avançado", afirmou.





Fonte: Agência Brasil

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