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Repórter News - reporternews.com.br
Nacional
Terça - 01 de Março de 2005 às 10:55
Por: Danie Freitas

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Motociclistas podem ter de obedecer as mesmas exigências feitas aos motoristas

Em 2004, Salvador registrou 1.880 acidentes de trânsito envolvendo motociclistas. Os dados da Superintendência de Engenharia de Tráfego (SET) mostram ainda que, desse total, houve 28 vítimas fatais (cinco delas por atropelamento) e 1.364 feridos - 284 deles pedestres. A preocupação em torno dos números está levando o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) a estudar mudanças nas regras de circulação dos motociclistas, obrigando-os a obedecer às mesmas exigências feitas aos condutores de veículos.

A chamada "costura", por exemplo, passaria a ser considerada infração. Logo, o motoqueiro não poderia mais desviar dos carros com tanta facilidade para chegar à frente e andar mais depressa. Pelo contrário, terá que ficar atrás do carro, ocupando o mesmo espaço que ele. A assessoria de comunicação do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), porém, afirma que nada ainda está definido. Por enquanto, o assunto ainda está no âmbito da discussão.

Mas o tema voltou à pauta e está para ser levado à Câmara de Assuntos Veiculares, ligada ao Contran, para ser estudado, na expectativa de tornar-se uma resolução. Na verdade, essa mudança já constava no projeto do Código de Trânsito Brasileiro, mas havia sido vetada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, sob alegação de que as motos serviam para dar agilidade ao trânsito. O presidente do Sindicato dos Motociclistas do Estado da Bahia, Henrique Baltazar, concorda com isso e afirma que os motoqueiros não devem obedecer à norma, caso ela seja posta em prática.

"Isso tudo é pressão da indústria automobilística, que está com os pátios cheios de carros, sem vender nada e quer prejudicar os motociclistas. Quem estabelece uma norma dessa não anda de moto, não entende de moto e não pergunta a quem entende", dispara Baltazar, acrescentando que a cidade de São Paulo vai parar se a proibição da "costura" for mesmo para valer. Na capital paulista, o número de motoboys é enorme e Baltazar calcula que os engarrafamentos por lá seriam ainda piores com a nova norma.

Ele promete que Salvador também vai parar se a proposta do Contran se concretizar. "Iremos realizar protesto e manifestações, parando estradas, ruas e avenidas. As pessoas devem entender que as motos agilizam o trânsito e faz 40km com um litro de gasolina". Em relação às queixas dos pedestres, de que os motoqueiros são imprudentes e correm muito, incrementando as estatísticas de acidentes, o presidente do sindicato mostra não ter papas na língua. "Pedestre não tem moral para falar de nada. Eles são mal educados, não respeitam nem a faixa de pedestres e são preconceituosos com os motociclistas", solta a voz, lembrando ainda que o Japão resolveu seus problemas de estacionamento com o uso maciço de motos.

Para o capitão Gomes Filho, coordenador do Renavam do Departamento de Trânsito da Bahia (Detran-BA), uma mudança desse tipo só poderá se efetivar em sua plenitude se for devidamente fiscalizada - tarefa que cabe a órgãos municipais como a SET. "A norma certamente contribuirá para a redução dos acidentes envolvendo motociclistas, mas deve haver fiscalização para que ela se torne operativa". Ele explica que, no momento, as punições para os motociclistas que cometem infrações no trânsito são as mesmas para os condutores dos demais veículos, como os carros de passeio, exceto no que diz respeito à indumentária exigida para um motoqueiro. Guiar sem o capacete, por exemplo, rende ao motociclista uma multa de R$191.





Fonte: Correio da Bahia

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