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Nacional
Terça - 01 de Março de 2005 às 05:28
Por: Alexandre Rodrigues

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Rio de Janeiro - Pouca gente o conhece, mas o berço do Rio de Janeiro vem sendo recuperado para manter viva na memória dos cariocas a luta que envolveu a fundação da cidade. Há 440 anos, Estácio de Sá desembarcou numa pequena praia, na entrada da Baía de Guanabara, entre os morros Cara de Cão e Pão de Açúcar. A mando da Coroa Portuguesa, ele pretendia paralisar o avanço dos invasores franceses com a criação de um povoado. O cenário de batalhas, durante muito tempo esquecido, é hoje um recanto que está sendo preservado sob os cuidados do Exército.

O marco fica hoje sob os domínios da Fortaleza de São João, na Urca (zona sul), que desde 2000 passa por obras de recuperação. A revitalização do local exato onde foi cravado pelos portugueses o marco de criação do Rio, em 1º de março de 1565, foi a primeira das ações do Projeto de Reconhecimento da Fundação da Cidade do Rio de Janeiro, que recupera toda o sítio histórico da fortaleza, construída em 1618.

O marco original, com o brasão português, é uma relíquia histórica guardada na Igreja de São Sebastião dos Frades Capuchinhos, na Tijuca. Em seu lugar na praia, está um outro marco, doado pelo Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro em 1914. Em torno dele, foi desenhada uma Cruz de Malta com pedras portuguesas e uma praça foi construída diante do mar para facilitar o acesso dos visitantes.

"Aqui não havia nada, somente o marco no meio da terra. Mal se notava. Nossa idéia foi valorizar o local onde nasceu a cidade. Muitos cariocas nem sabem que este é o local exato da fundação", justifica a arquiteta Ana Lúcia Mota, coordenadora do projeto. O plano arquitetônico e paisagístico foi executado com a ajuda da Prefeitura do Rio e do Vasco da Gama - que tem a Cruz de Malta como símbolo.

O mosaico de pedras portuguesas pode ser visto do céu até mesmo de noite, já que o local faz parte da rota dos aviões da ponte aérea Rio-São Paulo. A Rioluz, concessionária da prefeitura, contornou a Cruz de Malta com uma fonte luminosa de fibras óticas, atualmente sob reparo.

Visitação pública - O local mantém-se cuidadosamente preservado por causa do acesso restrito à praia. Somente 500 pessoas, entre os militares do Centro de Capacitação Física do Exército e portadores de uma autorização prévia dos oficiais, circulam pela área da fortaleza diariamente. Visitas individuais ou de grupos são permitidas somente com agendamento prévio de 48 horas de antecedência, pelo telefone (21) 2543-3323.

No entanto, segundo Ana Lúcia, a intenção é popularizar o local. O marco é cada vez mais procurado por grupos escolares. Até o fim do ano, um museu sobre a fundação da cidade deverá estar pronto no forte São José, que faz parte da fortaleza e está na terceira fase de restauração. O projeto, aprovado pelo Ministério da Cultura, aguarda apenas um patrocinador.

Ana Lúcia revela ainda que negocia com os frades capuchinhos a volta do marco original para a praia. "Uma coisa é ouvir, ler nos livros de História. Outra é ver este lugar, olhar as muralhas centenárias do forte. Se olharmos para a boca da baía, que não tem construções, podemos reconstituir o cenário daquela época. É importante que as crianças cresçam sabendo que houve muita luta para a criação da cidade", afirma Ana Lúcia.




Fonte: Agência Estado

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