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Nacional
Domingo - 27 de Fevereiro de 2005 às 12:27
Por: Iara Falcão

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Brasília - A arrecadação dos bancos com prestação de serviços aumenta ano após ano. A empresa de informações financeiras ABM Consulting revela que de 1995 a setembro de 2004, as receitas de serviços de seis grandes bancos brasileiros (Bradesco, Banco do Brasil, Banespa, Itaú, Safra e Unibanco) saltaram de R$ 4,9 bilhões para R$ 19,2 bilhões, ou quase quatro vezes mais. A participação nas receitas totais passou de 9,1% para 17,3%. Segundo a consultoria, a receita com serviços já cobre os gastos com pessoal, alcançando 113,4%.

"Houve esse grande crescimento não somente pelo aumento das tarifas, mas também pelo aumento na base de clientes. Antigamente, os operários só ganhavam com dinheiro vivo, agora só recebem com conta corrente ou cheque. E muitas tarifas que não eram cobradas, como alguns serviços novos, principalmente os vinculados à internet, começaram a ser cobradas", explica o analista financeiro da ABM Consulting, Gustavo Pedreira.

Essa é também uma das justificativas dadas pelos bancos em seus balanços para os aumentos expressivos dos ganhos com serviços. "Também podemos citar a melhora das nossas receitas de prestação de serviços, que têm evoluído trimestre após trimestre, nos últimos 12 trimestres, em função da nossa expansão da base de clientes", declara Márcio Cypriano, diretor-presidente do Bradesco, no discurso de apresentação dos resultados do banco, disponível na internet.

Ao comparar os valores obtidos com serviços pelo Bradesco com o número de clientes em 2003 e 2004, o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese) conclui que cada cliente teria gasto 18% a mais no último ano. "O descompasso entre a evolução desses indicadores revela que, em 2003, cada cliente do Bradesco desembolsou, em média, R$ 314,26 em forma de prestação de serviços. Em 2004, o desembolso médio subiu para R$ 370,97", diz o documento. A nota destaca que a inflação de 2004, medida Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), foi de 7,6%.

A pesquisa da instituição, intitulada As tarifas bancárias no Brasil: uma questão sindical, baseada em dados do Banco Central, confirma a tendência de crescimento das receitas bancárias com serviços em relação aos gastos de pessoal. O documento mostra que a participação das receitas com prestação de serviços no total da despesa com pessoal passou de 26% em 1994 para 100,04% em 2004. Ou seja, paga totalmente os gastos com pessoal e ainda sobra.

Também a Fundação Procon-SP compara as tarifas de 20 serviços bancários entre setembro de 2003 e março de 2004 e informa que, em média, os produtos foram reajustados em 11,73%, enquanto o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) do período foi de 3,97%. O estudo analisou 40 produtos e serviços em dez bancos, e comparou o preço de 21. Um dos serviços (emissão e reemissão do cartão magnético da conta corrente especial) apresentou variação de 369,57% entre a maior taxa (Itaú, R$ 10,8) e a menor (Santander, R$ 2,30).

Dados levantados em outro estudo sobre a evolução das tarifas bancárias de 1996 a 2004, revelam que entre oito produtos pesquisados pelo Procon-SP, dois apresentam variação acumulada acima de 50%. É o caso das tarifas cobradas por cheque devolvido (68,45%) e pelo segundo talão de cheques, de 20 folhas, no mês, (82,90%).

Num debate no jornal Folha de São Paulo, o vice-presidente da Fundação Getúlio Vargas, Marcos Cintra, baseado em dados da consultoria Austin Asis, acusa os bancos de praticar juros "confiscatórios" e tarifas "escorchantes" (muito acima do normal), por causa do aumento das receitas com serviços, segundo ele, na ordem de 740%. O economista-chefe da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) reconhece que algumas tarifas bancárias são reajustadas acima da inflação em alguns períodos, mas diz que isso ocorre com outros setores da economia. Para ele, as tarifas refletem os custos dos serviços e estão abaixo dos padrões internacionais.





Fonte: Agência Brasil

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