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Repórter News - reporternews.com.br
Cultura
Sábado - 26 de Fevereiro de 2005 às 13:07

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Em uma das laterais do palácio de Buckingham, a qual chegam apenas os turistas que vão ver a troca da guarda real, fica a chamada Galeria da Rainha, que atualmente oferece uma exposição de arte holandesa que é uma verdadeira jóia.

Vale a pena virar uma das esquinas do Palácio e se aproximar da exposição, que apresenta um forte contraste, em todos os sentidos, com a qual acaba de ser inaugurada também na National Gallery de Lonres, com a última fase da obra de Caravaggio.

Os quadros - muitos deles de grande tamanho, com seus dramáticos efeitos de luz e seus geniais efeitos de perspectivas - do grande mestre do naturalismo barroco italiano, contrastam com as pequenas dimensões e a excelente placidez da maior parte das obras da chamada Idade de Ouro da pintura holandesa.

Além disso, diferente do que acontece com a exposição de Caravaggio, em que é difícil ver com tranqüilidade qualquer obra exposta por causa da quantidade de visitantes, na mostra da coleção real é possível presentear os olhos ou refletir sobre o enigma de algumas pinturas o tempo que for preciso, sem medo de incomodar ou ser incomodado.

Na exposição de arte holandesa há obras maravilhosas, como "A Lição de Música", de Johannes Vermeer, em que uma moça aparece de costas junto com um cavalheiro, tocando de pé uma espineta (antigo instrumento de cordas e teclado) e com o rosto refletido no espelho em frente.

Os espelhos, os losangos do chão, os instrumentos musicais, a luxuosa toalha sobre a mesa, coroada por uma jarra branca que reflete a maravilhosa luz que chega pela janela lateral, criam um efeito extraordinário em que se misturam fascinação e ambigüidade.

Na coleção também é possível ver três Rembrandt extraordinários, como o "Retrato de Anciã", um de seus famosos auto-retratos no qual o pintor aparece com um chapéu plano e uma bela pintura religiosa que representa Cristo e Maria Madalena no túmulo.

Há excelentes mostras da chamada pintura de gênero, que descreve a vida cotidiana nas províncias dos Países Baixos - a preparação da comida, as festas populares, as reuniões de todo tipo.

Essas obras refletem, por um lado, a grande confiança de uma burguesia comerciante em ascensão, mas também as tensões sociais dessa república protestante, que no século XVII tornou-se uma das potências do Velho Continente.

A confiança manifesta-se com força, por exemplo, nos retratos de Khan Molenaer, Hendrik ter Bruggen e um de Frans Hals, que mostra um homem gentil com uma das mãos na cintura enquanto na outra sustenta suas luvas com delicadeza e como querendo transmitir nobreza.

Algumas obras, como a chamada "A Dona-de-casa Obediente", de Nicholas Maes, ou "Mulher na Penteadeira" e "Moça Cortando Cebola", de Khan Steen, contêm mensagens morais ou se baseiam em provérbios esquecidos.

Independente de que os especialistas entrem em acordo sobre o simbolismo de algumas dessas pinturas, seu caráter em parte enigmático não apenas não prejudica a pura contemplação e apreciação de suas qualidades plásticas, mas pode inclusive contribuir para isso.

Há na coleção finas paisagens de pintores como Meyndert Hobbema e Khan Wynants, nos quais o homem aparece em total harmonia com a natureza, mas também belas paisagens marinhas, como é lógico em um país que esteve em constante luta com o mar e que foi também uma grande potência comercial e naval.

Destacam-se por sua delicadeza as naturezas-mortas, gênero muito popular na arte holandesa do século XVII. Entre as obras, "Natureza Morta Sobre uma Mesa", de Willem Claesz Heda.

Apenas pouco mais das cerca de 50 pinturas desta exposição temporária fazer parte das mais de 7.000 obras da coleção privada da rainha, reunida por seus antecessores no trono britânico.





Fonte: EFE

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