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Economia
Sexta - 25 de Fevereiro de 2005 às 20:00
Por: Lílian de Macedo

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Brasília – A diferença entre os juros que os bancos pagam ao captar dinheiro e os juros que cobram para oferecer crédito às pessoas, o que é conhecido como spread, é uma das mais altas do mundo no Brasil. Em 2004, segundo dados do Banco Central, essa taxa esteve em média em 28,1 pontos percentuais (pp). O número é bem superior ao das cooperativas de crédito, que é de aproximadamente 0,8 pp ao mês – ou seja, 9,6 pp ao ano. "As cooperativas de crédito são a única forma de fazer frente ao sistema financeiro atual. E isso sem políticas assistencialistas, porque não trabalhamos com a idéia de lucro", analisa o presidente da Central de Cooperativas de Crédito (Ecosol), Gilmar Carneiro.

A opinião de Carneiro é comprovada pela análise da composição do spread. O vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac), Miguel de Oliveira, diz que a última vez que o Banco Central divulgou esses números foi em agosto de 2003, apontando 37,45% de lucro líquido dos bancos. O risco de inadimplência estaria empatado com os impostos diretos (19,10%), seguidos de despesas administrativas (16,11%) e impostos indiretos (8,24%).

No caso das cooperativas de crédito, não há despesas de custos porque, segundo o presidente da Ecosol, os funcionários são os próprios associados. Além disso, o escritório é, normalmente, uma sala cedida pela prefeitura. "Estas cooperativas custam, em média, R$ 3 mil por mês. Para custeá-las, fazemos uma pequena poupança com o que sobra da diferença entre a cobrança das tarifas e o rendimento das poupanças", conta Carneiro.

O maior gasto destas entidades é o pagamento de juros dos investimentos dos associados, que é de 1,7% ao mês, aproximadamente. Ou seja, a taxa de 2,5% cobrada nos empréstimos feitos por estas instituições é o suficiente para cobrir os custos e pagar os juros dos investimentos dos associados. "É a solução para a atualidade", aponta Carneiro.

As cooperativas de crédito comunitário surgiram no Brasil em 1905 na cidade de São Leopoldo, Rio Grande do Sul. Em 1930, passaram por uma expansão. Este crescimento preocupou o esquema bancário usual, que exigiu uma atitude estatal. Com isso, o governo daquela época impôs várias restrições para a abertura de novas associações. A situação piorou na ditadura militar - e até hoje são proibidas.

"Em períodos democráticos, as cooperativas avançam. Já nas ditaduras, acontece o contrário. No governo Lula, aquela que já existiam estão retomando o crescimento de maneira significativa", sintetiza Egeu Gomez, do Sistema Nacional de Cooperação de Economia e Crédito Solidário. Ainda assim, essas cooperativas representam atualmente somente 1,5% do sistema financeiro do Brasil.





Fonte: Agência Brasil

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