BNDES aprova financiamento para exportação de bens e serviços para a Argentina

Rio - O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, Guido Mantega, anunciou hoje a aprovação de financiamento para exportação de bens e serviços brasileiros para a Argentina, no valor de US$ 200 milhões. Os recursos serão aplicados na construção de um gasoduto pela TGS-Transportadora de Gas Del Sur, que trará gás do sul da Patagônia para Buenos Aires, ajudando a regularizar o abastecimento do produto na Argentina, principalmente no inverno, informou Mantega.

O projeto de expansão da transportadora permitirá ampliar em até 2,9 milhões de metros cúbicos diários a capacidade de transporte dos gasodutos General San Martín e Neuba II.

A TSG é controlada pela Compañia de Inversiones de Energia S/A (Ciesa), na qual a Petrobras tem participação acionária através da subsidiária Petrobras Energia (Pesa). O valor total do projeto é de US$ 315,8 milhões. Mantega destacou que a operação marca o restabelecimento do Convênio de Pagamentos e Créditos Recíprocos (CCR) da Associação Latino-Americana de Integração (Aladi), que havia sido suspenso no âmbito da Argentina, o que amplia os horizontes comerciais bilaterais. O mecanismo de CCR estabelece que os riscos da operação, no caso o gasoduto da TGS, serão garantidos pelo Banco Central da Argentina, se não houver o pagamento ao BNDES.

No dia 4 de março, o projeto será lançado pelo presidente argentino, Nestor Kirchner, em Buenos Aires, em solenidade da qual participará Guido Mantega. Segundo Mantega, o BNDES poderá vir a financiar outras operações de exportação de bens e serviços brasileiros para a Argentina por meio do Convênio de Pagamentos e Créditos Recíprocos.

Mantega afirmou que essa é uma operação muito importante para os dois países porque significa um estímulo à produção brasileira de chapas de aço, tubulações, equipamentos e outros componentes. Tudo isso será fabricado no Brasil por empresas nacionais e exportado para a Argentina, dentro do programa de Pós-Embarque, na modalidade "supplier credit", isto é, refinanciamento ao exportador.



"Estamos estimulando a produção de bens e serviços brasileiros, o que significa que estamos gerando empregos e renda no Brasil. As empresas estarão pagando tributos e, com isso, vamos estimular o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro", disse o presidente do BNDES. Ele lembrou que a operação vai mobilizar a balança comercial do país e a balança de serviços, uma vez que se trata de exportação de produtos e de serviços de engenharia brasileiros.

De acordo com Mantega, o projeto reforça também a ação de empresas brasileiras no exterior, entre as quais a Odebrecht, que fará a implantação do gasoduto. A contratação dos serviços será feita pela TGS, que tem participação da Petrobras. Mantega ressaltou também a integração que o projeto estabelece entre Brasil e Argentina, fortalecendo os laços políticos e comerciais do Mercosul.

O prazo de pagamento do empréstimo é de 10 anos. Os desembolsos serão feitos mensalmente, até novembro deste ano, com prazo de carência até dezembro. As condições financeiras incluem taxa de juros Libor (praticada no mercado europeu) mais 2,59% de spread do BNDES. O gasoduto tem prazo de conclusão previsto para agosto próximo.