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Economia
Quinta - 24 de Fevereiro de 2005 às 10:38
Por: Carlos Martins

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Depois de ter visitado 15 cidades e algumas pequenas localidades num trecho de ida e volta de cerca de 5,4 mil quilômetros pela Bolívia, Peru e Chile, o secretário de Infra-Estrutura do Governo de Mato Grosso avalia que a prioridade no momento é o comércio intra-regional – principalmente através do regime de trocas -, as relações institucionais.e a desburocratização. Num segundo momento, devem ser aprofundados os estudos e a concretização da rodovia transoceânica e transporte dos grandes volumes de commodities (grãos). “Fizemos um longo e muito proveitoso percurso e tivemos a oportunidade de fazer reais avaliações sobre as condições das estradas. Passamos por rodovias pavimentadas e não pavimentadas e em muitos trechos no altiplano, onde não vimos nenhum problema para a circulação de grandes carretas em comboio”, explicou.

As maiores dificuldades observadas foram nas serras, em longos percursos de 30 a 40 quilômetros. A deficiência é grande principalmente no trecho de Santa Cruz de la Sierra e Cochabamba. Na ida, um bloqueio na estrada principal obrigou a comitiva a seguir por uma estrada alternativa – o primeiro caminho que permitiu a ligação – e que é por terra, estreita, sinuosa e perigosa, e que chega a uma altitude máxima de 3.280 metros num percurso aproximado de 500 quilômetros. Na volta o trajeto foi pela principal, que é asfaltada, mas igualmente estreita, perigosa e cheia de curvas. “São rodovias onde falta sinalização. Muitos motoristas ficam na dúvida sobre os caminhos a seguir e, principalmente sobre os lugares mais perigosos”, disse o secretário.

Nestas serras também faltam áreas de escape e de estacionamento, onde a três ou quatro quilômetros os caminhões possam dar uma parada para testar freios, verificar fluidos, se o freio-motor está funcionando corretamente. “Num tráfego atual, de baixa intensidade, não tem grandes problemas. Mas com o aceleramento das relações comerciais, em que imaginamos chegar aos portos do Pacífico com carga, nós vamos precisar de rodovias mais condizentes e em melhores condições”, avalia Luiz Antônio Pagot. Para o secretário, a viagem foi muito proveitosa porque pôde se avaliar tudo isso.

“No comboio tivemos pessoas que trataram exclusivamente sobre fretes de caminhões, da questão do transporte internacional de cargas. Então vamos poder discutir tudo isso nos dias 2, 3 e 4 de março no Seminário Internacional de Infra-Estrutura intermodal em Cuiabá. Do seminário vamos tirar uma agenda de trabalho a ser seguida, dando prioridade principalmente ao comércio intra-regional e estabelecer uma relação institucional melhor, desburocratizar o sistema, melhorar a performance das aduanas. Queremos sim, chegar ao Pacífico, mas temos um longo caminho pela frente”, disse o secretário.

Quanto aos portos visitados, Pagot os considerou excelentes para as condições atuais de comércio. Um porto normalmente se equipa para atender cargas de contêineres, e alguns tipos de granéis num raio de mil quilômetros onde estão situados. Considerei a plataforma de embarques muito boas, só que precisam de muitos equipamentos. No Peru, foram visitados os portos de Matarani e Ilo e, no Chile, em Arica e Iquique. Conforme observou o secretário, na hora em que se falar num fluxo de alta intensidade no transporte de soja, farelo, de milho e de outros produtos a granel, os portos terão que ser mais bem equipados.

“Agora a questão é a seguinte: o porto não se equipa porque não tem a demanda de carga e a carga não chega porque o porto não é equipado. Com certeza, um destes portos terá que dar esse passo, colocar esteiras transportadoras, silos graneleiros”, adiantou o secretário.

Em Matarani, primeiro porto visitado no Peru, a comitiva encontrou um porto que começa a se aparelhar. “Lá tem uma esteira transportadora de quase 200 toneladas por hora, uma capacidade de armazenagem de seis mil toneladas em silo. Ainda é muito pouco. mas já é um início”, observou Pagot. No Chile, durante a visita ao porto de iquique, Pagot e a comitiva verificaram que está sendo construído um cais novo para receber navios do tipo Panamax. “Com certeza, se tiver grandes empresas corporações internacionais, que movimentam grande quantidade de commodities, poderá haver interesse em instalar uma plataforma de granéis.

No Chile, ao sul do porto de iquique, existem ainda mais três portos: dois salineiros (um deles visitado pela comitiva) e um porto de coque – carvão vegetal. “Eles têm esteiras transportadoras e uma área de manobra profunda. São portos que poderiam estar equipados para receber armazéns graneleiros, esteiras de alto fluxo. Dependendo do tamanho do porto, da capacidade de embarque, serão necessários investimentos de 5 a 12 milhões de dólares”, disse Pagot. “Foi importante conhecer a realidade dos portos, desde Matarani até Iquique. Com algumas modificações, eles têm condições de atender fluxo e volume de carga. Agora, para se chegar à Ásia com estas cargas, tem que se fazer contas. As contas provam que temos capacidade de embarque pelos portos do Atlântico e pelo porto de Itacoatiara, num regime extremamente competitivo e que dificilmente teríamos situação melhor nos portos do Pacífico”.

REGIME DE TROCAS – De acordo com o secretário Pagot, num regime de troca poderia haver alguma vantagem. “Se nós, por exemplo, tivermos aqui, fosfato, cloreto de potássio, alguma indústria de fertilizante que possa fornecer ao Centro Oeste brasileiro, em regime de trocas, talvez seja altamente interessante estabelecer uma rota comercial, levando para estes países soja, farelo de soja, milho para os mercados asiáticos, e trazendo esses insumos”. Nesse aspecto, em Oruro, Bolívia, se constatou que eles possuem sal de boa qualidade e que poderia atender ao mercado mato-grossense. Aqui tem o maior rebanho bovino com 28 milhões de cabeças e o sal vem de uma distância do nordeste de quatro mil quilômetros, enquanto que Oruro fica a 1.250 quilômetros. Esse produto pode imediatamente entrar numa relação de troca. Os empresários viram também que o Peru e Chile são carentes em água mineral e isso é mercado que pode se abrir. As frutas chilenas que entram pelo Porto de Santos poderiam entrar por Mato Grosso também mediante uma relação de troca através da Câmara de Indústria e Comércio de iquique e Mato Grosso.





Fonte: Secom - MT

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