Repórter News - reporternews.com.br
Nacional
Segunda - 21 de Fevereiro de 2005 às 10:20
Por: Eduardo Mamcasz

    Imprimir


Brasília - A chegada de cinco equipes do Instituto Nacional de Colonização de Reforma Agrária (Incra), as primeiras prisões dos suspeitos do assassinato da irmã Dorothy Stang e a possibilidade de ser pedida a federalização do crime de Anapu, no Pará. Estes são os destaques do episódio Anapu, Vida e Morte, o primeiro de cinco rádio-documentários da série Terra – O Grande Conflito, transmitidos a partir de hoje (21) pela Rádio Nacional da Amazônia.

No primeiro programa, o procurador-geral da República, Cláudio Fonteles, garante que a morte da irmã Dorothy Stang possui todos os elementos para que seja solicitada a federalização do crime. Este ato que depende de um pedido formal assinado por ele para o Superior Tribunal de Justiça. Fonteles citou, entre outros, os fatos de a missionária ser estrangeira, apesar de naturalizada brasileira, e de se tratar de um crime praticado de "maneira hedionda".

Outro participante do episódio de hoje é o prefeito de Anapu, Luís dos Reis Carvalho, que há mais de 20 anos era vizinho de irmã Dorothy, mas que depois, segundo afirma, seguiu "um outro destino, que foi o político". Por isso, acrescenta, houve um "distanciamento" entre os dois. O prefeito também admitiu que pistoleiros transitam livremente pela região e "vão formando seus planos para fazer o que vêm fazendo e, lamentavelmente, chegando a extremos".

O presidente da Câmara dos Vereadores de Anapu, Jurandir Plínio de Souza, evitou explicar o motivo por que foi apresentada, em dezembro passado, uma moção considerando irmã Dorothy persona non grata no município. Souza argumentou que tomou posse em janeiro deste ano e que só poderia falar sobre o que ocorreu a partir de então. Ele também preside o Sindicato dos Produtores Rurais de Anapu e responsabilizou o Incra pela situação em que a região se encontra.

O superintendente substituto regional do Incra no Pará, Antonio Kemel, lamentou os ataques ao lembrar que o órgão atua com mais intensidade na região desde 2002, quando foram criados quatro Planos de Desenvolvimento Sustentável (PDS). Ele garantiu que começa nesta segunda-feira um trabalho de campo, com cinco equipes, para identificar as terras públicas que foram invadidas. "Nós sabemos que muitos são madeireiros que entram, muitas vezes exploram a mata e depois vão embora", afirmou.

Outros depoimentos do episódio de hoje do especial Terra – O Grande Conflito são de pessoas que conviveram com a irmã Dorothy e também estão ameaçadas de morte. A presidente da Fundação Viver, Produzir e Preservar, Antônia Melo, que atua ao longo da Rodovia Transamazônica, lembra que a missionária "queria só Justiça". E acrescenta: "Era uma mulher dedicada, uma pessoa muito responsável e compenetrada com a causa daqueles que não têm voz."





Fonte: Agência Brasil

Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/358440/visualizar/