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Politica Brasil
Sábado - 19 de Fevereiro de 2005 às 20:17
Por: Wilson Lemos

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Nove entre dez medalhões do nosso colunismo político fazem de Lula da Silva o alvo preferencial de suas críticas. Do Olimpo de suas colunas bem pagas, todos os dias esses deuses implacáveis disparam raios contra o presidente.Seja um fato relevante ou uma simples fofoca política o objeto de suas observações, sempre encontram um jeito de incluir em seus comentários alguma coisa contra Lula. Há da parte desses mercenários a serviço da chamada grande imprensa um sentimento gratuito de ojeriza ao atrevido operário que um dia ousou e persistente conseguiu chegar à Presidência da República. Mas, por que tanta aversão ao presidente? Elementar, meus caros leitores.

Ao longo de mais de um século de sua história, este país permanentemente dominado pelas oligarquias do campo e da cidade foi sempre governado por militares e doutores. O complexo de inferioridade que inibia as camadas humildes da população, a indigência intelectual e política da classe média subserviente e a megalomania das nossas elites, nos fizeram acreditar que somente os que ostentavam estrelas e diplomas universitários estavam predestinados a governar o Brasil. Lula quebrou o tabu.

Depois de cinco marechais e quatro generais, advogados, engenheiros, médicos e dois intelectuais – um romancista medíocre e um sociólogo poliglota, o retirante nordestino e metalúrgico do ABC conseguiu o que parecia impossível: quebrar a rotina e conquistar a curul presidencial. As elites políticas e os velhos plutocratas tupiniquins não perdoaram tamanha ousadia. Daí, essa campanha orquestrada contra o operário-presidente, a qual aderiu a confraria vassala dos colunistas políticos dos grandes jornais e revistas da mídia cartelizada, seguidos por espírito de imitação pela troupe dos escribas provincianos.

Delenda Lula passou a ser a palavra de ordem seguida à risca pelos escribas de aluguel. Nada escapa à sanha desses predadores. E no afã de atingirem o presidente, eles fazem como aquele inconveniente piadista de salão, que perde o amigo, mas não perde a piada. Não sentem o menor pejo em sacrificar a verdade transformando futilidades em fatos que possam ridicularizar o alvo de seus deboches. Tudo em Lula serve de matéria prima para esses artesãos da ironia e do sarcasmo. Particularmente suas limitações intelectuais e seus tropeços no trato com o vernáculo. Decididamente, essa turma do estilingue tem ojeriza ao torneiro-mecânico.

O mesmo sentimento parecem alimentar em relação ao PT, que nasceu de ventre proletário e cresceu sob o olhar desconfiado e sempre temeroso das elites e da classe média alienada. Aliás, a sigla da estrela vermelha também nunca foi bem vista pelos donatários da política nacional. Tanto é verdade, que jamais um chefe político ou mesmo um desses habituais vira-casacas quis ingressar no PT. Mesmo agora que o partido tem o poder e muitos mendigam um lugar à mesa do banquete oficial. Admitem ser vizinhos, mas não querem ser parentes. Querem os frutos da cornucópia do PT, mas nenhum quer ser petista.

Wilson Lemos é advogado, escritor, poeta e jornalista (e-mail: wfelemos@vspmail.com.br)




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