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Internacional
Sábado - 19 de Fevereiro de 2005 às 18:00
Por: Kathy Seleme

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Um dia depois de a oposição libanesa convocar uma "intifada pacífica" contra a Síria, os setores pró-sírios fazem ouvir sua voz e criticam essas chamadas como contrárias aos interesses nacionais dos libaneses.

A mais importante por sua influência política foi a do chefe do movimento xiita libanês Hisbolá, xeque Hassan Nasralah, que hoje criticou diante de milhares de partidários as convocações da oposição a mobilizações populares.

Os problemas do Líbano "não devem ser resolvidos nas ruas mas através de discussões e de um diálogo nacional", afirmou Nasralah em um discurso por ocasião da comemoração xiita da "Ashura".

Além disso, descartou que a retirada das tropas sírias (14.000 soldados) seja conveniente para o Líbano, pois "não resolveremos nossos problemas mudando um mandato por outro".

"Nem a internacionalização (da crise), nem o recorrer ao estrangeiro (em alusão ao pedido da oposição que a ONU proteja o povo libanês) resolverá nossos problemas. Devemos nos unir e encontrar uma solução nós mesmos", insistiu.

Ao se referir ao atentado que na segunda-feira passada matou o ex-primeiro-ministro Rafik Hariri e outras quatorze pessoas, Nasralah pediu "uma investigação justa, rápida e responsável, e isso é uma responsabilidade nacional".

O chefe do Hisbolá descartava assim a idéia de uma comissão internacional para investigar o assassinato de Hariri, como exigem a oposição e vários países.

Também advertiu que a resolução 1559 do Conselho de Segurança da ONU, que exige à Síria a retirada de seus soldados desdobrados no Líbano e a cessação da ingerência em seus assuntos internos só contribuiu para "dividir" os libaneses e beneficiar Israel.

Os xiitas libaneses -considerada a comunidade mais numerosa, à falta de um censo atualizado-, e mais concretamente o Hisbolá, estão entre os principais aliados com que a Síria conta no Líbano, e a resolução 1559 pede também o desarmamento das milícias em território libanês, em alusão ao Hisbolá.

Por sua vez, um grupo de deputados e políticos pró-governamentais emitiram hoje um comunicado conjunto em que também condenaram a chamada à "intifada pacífica" lançada ontem pela oposição como "um atentado à unidade nacional".

O grupo, que se reuniu na casa do conhecido político pró-sírio Nabih Berri, incluía todos os componentes da sociedade libanesa (cristãos, sunitas e xiitas), e constituía uma espécie de réplica à reunião realizada na sexta-feira pela oposição.

O comunicado lido pelo Rachad Salame (chefe do setor pró-sírio das Falanges cristãs) acrescenta que nenhum grupo político "deve ultrapassar os limites traçados para preservar a unidade nacional", em alusão à convocação feita ontem para levar os protestos à rua. Os congregados sugeriram aos opositores que iniciem com eles "um diálogo aberto, franco e incondicional".

Desde o governo, dois ministros, o de Defesa, Abderrahim Mrad, e o de Informação, Elie Ferzli, criticaram hoje a visita que o presidente francês, Jacques Chirac, fez na quarta-feira passada para dar o pêsame à família Hariri, durante a que não se reuniu com nenhum responsável governamental.

"Quando o presidente Jacques Chirac veio ao Líbano excluiu totalmente o governo, o chefe de Estado e todo o mundo -disse Mrad à rede oficial Tele Líbano-; veio ajudar e alentar a oposição".

"Todo responsável internacional que vem ao Líbano fora dos canais oficiais atua como se este fosse um país onde tudo é permitido", disse por Elie Ferzli, que se permitiu duvidar do "que há por trás desta visita".





Fonte: EFE

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