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Politica Brasil
Sábado - 19 de Fevereiro de 2005 às 17:33
Por: Welinton Fagundes

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Recentemente milhares de pessoas integrantes de movimentos que lutam pela reforma agrária interditaram algumas das principais rodovias de Mato Grosso, como a BR-364 e BR-163. Entre as reivindicações dos manifestantes está o assentamento de várias famílias e o cumprimento do cronograma de reforma agrária no Brasil.

A movimentação do governo federal para resolver o impasse é fundamental, uma vez que protestos como estes causam inúmeros prejuízos para o estado e para o país, impedindo o tráfego nas principais vias de acesso de escoamento de produção.

O caso ocorrido em Mato Grosso é um alerta para as autoridades, que devem tomar medidas mais urgentes no sentido de amenizar um problema histórico no Brasil.

A questão fundiária atinge os interesses de um quarto da população brasileira que tira seu sustento do campo, entre grandes e pequenos agricultores, pecuaristas, trabalhadores rurais e os sem-terra.

Montar uma nova estrutura fundiária, que seja socialmente justa e economicamente viável, tem sido um dos maiores desafios deste governo e dos governos passados.

Trata-se de um problema arraigado nos primórdios da história brasileira. De 1850 para cá, pouco se mexeu na estrutura da terra no país, apesar do fim do tráfico de escravos, da abolição da escravatura, da proclamação da República, da Revolução de 30, do golpe de 64 e da Nova República.

A história caminhou no Brasil, no entanto, a grosso modo, em termos de propriedade rural, o Brasil continuou o país do latifúndio.

Até a década passada, quase metade da terra cultivável ainda estava nas mãos de 1% dos fazendeiros, enquanto uma parcela ínfima - menos de 3% - pertencia a pouco mais de 3 milhões de produtores rurais.

O resultado de tanta terra nas mãos de poucas pessoas e a existência de vastas extensões improdutivas foi a criação de um cenário de guerra no campo. E o saldo deste conflito é muito triste.

Entre os anos de 1985 e 1989 as mortes no campo, envolvendo conflitos agrários, chegaram a 640. De 1996 a 2003 o saldo foi menor, mas ainda estarrecedor: 200 pessoas mortas.

É preciso ressaltar, entretanto, que fazer reforma agrária no Brasil não é tarefa fácil, nem tão pouco barata: estudos mostram que cada família assentada custa cerca de 23 mil reais.

Seria errado, no entanto, em nome da impossibilidade de fazer o máximo, recusar-se a fazer o mínimo.

O preço da demora na distribuição justa de terras no Brasil está aí: a criminalidade em larga escala, a urbanização selvagem e a degradação das grandes cidades.

Mais do que distribuir terras, é necessário incentivar a vocação para a agricultura do homem do campo. Com isto, podemos diminuir o grande fluxo migratório, que leva ao processo da criação de favelas nas cidades.

É importante uma solução racional em Mato Grosso, com a desobstrução das rodovias e o atendimento dos pedidos na medida do possível. Que esta seja uma direção acertada no sentido de acabar com os conflitos no campo.

*Welinton Fagundes é deputado federal de Mato Grosso pelo Partido Liberal (PL)




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