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Economia
Sábado - 19 de Fevereiro de 2005 às 15:40
Por: Elisângela Cordeiro

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São Paulo – Em 2004, um total de R$ 107 bilhões foram emprestados à população brasileira, somando todas as formas utilizadas pelo mercado - um volume 18% maior do que em 2003. Os cálculos são da Parthner Consultoria, especializada nesse segmento. Na opinião de Álvaro Musa, diretor da empresa, isso "é resultado mesmo da confiança das pessoas na economia, mesmo com os juros altos. Se a taxa cair, então, aí o empréstimo crescerá mais ainda".

Segundo Musa, o valor foi calculado com base em dados do Banco Central e esse dinheiro foi utilizado para financiar a compra de produtos que vão de geladeiras a automóveis. Os recursos foram repassados aos consumidores por meio de empréstimos realizados em bancos populares, direto em lojas, junto a operadoras de cartão de crédito – de marca ou de empresas, como hipermercados – e entidades de microcrédito.

Álvaro Musa estima que a metade dos R$ 107 bilhões chegou às mãos do consumidor de baixa renda, o que representa grande parte da população brasileira. Ele acredita que neste ano os recursos para empréstimo aumentem em até 25%. Musa defende que a ampliação de crédito mantenha o mesmo ritmo de crescimento. "Mais rápido do que isso traria a inflação de volta, motivada pela explosão do consumo. Está a um passo cauteloso e bom de crescimento", avalia. Ele ressalva que, além de ser uma preocupação do governo, a volta da inflação também seria ruim para o crescimento do consumo por financiamento junto à população de baixa renda. Em sua opinião, quando os preços sobem muito, fica difícil para o cidadão calcular o valor das prestações e ele não se arrisca a comprometer seu orçamento.

Para o Superintendente do Instituto de Economia da Associação Comercial - São Paulo, Marcel Solimeo, a alta da inflação só ocorrerá se não houver aumento de produção. De acordo com ele, a ampliação de crédito a pessoas de baixa renda refletiu principalmente na ampliação do consumo de eletrodomésticos e móveis, dois setores que têm espaço para aumentar a produção. "No passado, muitos setores operavam com capacidade ociosa", diz.

O professor da Unicamp, Márcio Pochmann, vê na necessidade que a indústria brasileira tem de aumentar sua produção para atender ao consumo interno uma oportunidade do país crescer de forma sustentada, sem depender tanto das exportações. "É fundamental, com a retomada do crescimento, que se dê ênfase à distribuição da renda e que o aumento do salário mínimo, a expansão do programa Bolsa Família e, justamente o programa de microcrédito, façam com que a população e o mercado interno sejam âncoras do crescimento econômico". .





Fonte: Agência Brasil

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