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Nacional
Sábado - 19 de Fevereiro de 2005 às 15:34
Por: Érica Santana

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Brasília - O governador do Acre, Jorge Viana, defende a adoção de políticas públicas voltadas ao manejo sustentável da Amazônia como uma das medidas eficazes a serem adotadas para solucionar o problema agrário da região. "Eu acredito que a maneira mais eficiente de defender o meio ambiente, de acabar com a grilagem de terra da Amazônia e de ter uma atividade econômica sustentável na Amazônia é encontrarmos uma maneira de explorarmos a riqueza da floresta de forma sustentável, como aliás nós estamos tentando fazer no Acre", afirmou Viana, em entrevista à NBr, canal do poder Executivo.

Para o governador, o assassinato da missionária americana Dorothy Stang, ocorrido há uma semana no município de Anapu, no Pará, foi uma reação dos grileiros à presença do Estado na região. "Essa presença do governo federal é que resultou na reação de bandidos. Porque foram bandidos que fizeram isso com a irmã, pessoas que estão interessadas na grilagem".

Leia a seguir os principais trechos da entrevista:

NBr - Como o senhor avalia esta situação de conflito agrário que se dá não só no Pará, mas em parte da Amazônia?

Jorge Viana - Eu lamento muito porque é triste. O presidente Lula foi um dos mais solidários quando nós vivemos situações semelhantes a essa que acontece hoje no Pará, no meu estado, o Acre. Ele me pediu que o representasse no enterro da irmã Dorothy porque ele também fica muito sentido, chocado e indignado, como todos nós, com uma situações como essa, em que pessoas ainda usam da eliminação física para tentar resolver problemas da terra.

O presidente Lula tem hoje os instrumentos. O governo está adotando medidas que a população esperava: o Exército, a Polícia Federal forte, a criação do projeto no qual a irmã trabalhava para que fosse institucionalizado, a demarcação de áreas de reserva e de conservação. Eu acho que a resposta tem ser essa, a polícia e também uma ação efetiva, para que nós possamos fazer com que o conflito agrário tenha fim na Amazônia. Não é fácil, a Amazônia é um mundo. Lá no Acre era assim também e deu certo.

NBr - O senhor representou o presidente Lula no enterro da missionária Dorothy Stang. Que situação o senhor encontrou no estado do Pará?

Viana - O que eu encontrei foi uma tristeza e um desalento, mas, ao mesmo tempo, um fio de esperança, porque o melhor que eu pude ver lá é que não é uma terra de ninguém. Há um povo muito organizado, um trabalho muito importante da Igreja Católica, que é a herança que a irmã deixou para todos nós. Eu entendo que esse episódio foi uma ação contra o trabalho da irmã, contra os movimentos sociais e também contra a ação do governo federal. Foi uma espécie de reação àquilo que o governo federal está fazendo, que é demarcar áreas de conservação através do ministério do Meio Ambiente, começando um trabalho que possa resolver o problema fundiário, que é o que há de mais grave naquela região da Amazônia.

NBr - O governo federal enviou dois mil soldados do Exército justamente para cuidar da segurança daquele local. O senhor acha que ainda há risco para a população?



Viana - Eu também estou confiante que a medida que os ministros e que o governo federal estão adotando serão eficientes, porque nós estamos no meio de uma tragédia, da morte de uma pessoa que era respeitada e trabalhava para servir aos pobres e representava um movimento social legítimo. No Acre, uma nova fase começou lamentavelmente em cima da morte do Chico Mendes e eu tenho fé de que no Pará a morte da irmã também iniciará uma nova fase. Se é que podemos ter algo de bom depois de uma morte, o que não é verdade. Mas em respeito à memória da irmã, devemos fazer algo que possa mudar essa realidade.

Eu não tenho dúvida que nessa fase atual a presença da Polícia Federal e do Exército cria um ambiente de paz e de tranqüilidade. Também é preciso ter uma ação decisiva do Incra [Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária], com mão de ferro e encarando o problema fundiário como o gerador dos conflitos naquela região do Pará. Assim, eu acho que aquele povo pode ter paz porque eles querem trabalhar e eu acho que há espaço para médios e grandes, mas desde que os pequenos tenham, por parte de todos nós que atuamos nas instituições, as suas defesas feitas.

Colaborou Juliana Andrade





Fonte: Agência Brasil

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