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Saúde
Sábado - 19 de Fevereiro de 2005 às 06:45
Por: Andrew Quinn

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A África do Sul divulgou na sexta-feira ter registrado um aumento de 57 por cento no número de mortes entre 1997 e 2002, numa indicação, embora indireta, do enorme impacto da epidemia de aids sobre o país.

O órgão de estatística Stats SA disse que as mortes saltaram de 318.287 em 1997 para 499.268 em 2002. Entre os adultos com mais de 15 anos, as mortes aumentaram 62%.

O relatório mostrou que as mortes aumentaram mais rápido entre mulheres e pessoas entre 20 e 49 anos, ambos considerados os grupos mais suscetíveis ao vírus da Aids, que afeta a proporção estimada de um nono da população do país, de 45 milhões de pessoas.

O estudo "fornece evidências indiretas de que a epidemia de HIV na África do Sul está aumentando os níveis de mortalidade de adultos na primeira idade", disse o chefe da Stats SA, Pali Lehohla, num comunicado.

O trabalho pode aumentar o debate sobre a dimensão da epidemia de aids na África do Sul. O governo do presidente Thabo Mbeki é constantemente acusado de subestimar a crise.

"A morte de adultos em idade ativa pela aids é uma crise real e imediata", disse a Aliança Democrática, da oposição, num comunicado, respondendo aos números divulgados na sexta-feira. "Muitos dos adultos que estão morrendo, incluindo enfermeiros e professores, são essenciais para o futuro da África do Sul. Mesmo assim, o governo não tem um plano abrangente de direitos humanos para tratar disso", disse o comunicado da aliança.

O estudo da Stats SA se baseou em 3 milhões de atestados de óbito num período de cinco anos. Segundo ele, em 2002 morriam por dia, em média, 1.368 sul-africanos. Em 1997, eram 872 mortes diárias. "É no grupo entre 30 e 34 anos que estamos vendo uma porcentagem muito, muito alta de mortes registradas", disse Liz Gavin, diretora de estatísticas populacionais da agência.

Autoridades dizem que ainda é difícil determinar a causa da morte, porque muitas vezes doenças oportunistas da aids, como tuberculose, gripe e pneumonia, são registradas como causa oficial. Essas três doenças estão matando muito mais sul-africanos que antes da disseminação do vírus da aids. As mortes por pneumonia, por exemplo, mais que dobraram em quatro anos.

A aids foi responsabilizada oficialmente por apenas 9 mil mortes em 2001. Ativistas tentam pressionar o governo a adotar uma posição mais agressiva no combate à epidemia, afirmando que o estigma e a falta de tratamento gratuito estão prejudicando a luta contra a doença.

O país lançou no ano passado um programa de distribuição de drogas anti-retrovirais, mas a implementação ainda é lenta.




Fonte: Reuters

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