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Economia
Quinta - 17 de Fevereiro de 2005 às 20:20

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A safra de arroz irrigado, colhida no período de outubro a novembro do ano passado, nos municípios de Iguatu e Quixelô, foi uma das maiores dos últimos anos. Mesmo assim, os produtores enfrentam dificuldades em face do reduzido preço do produto. A saca de 60 kg de arroz em casca é comercializada por apenas R$ 24,00. Um valor bem inferior para cobrir as despesas de produção.

Com o objetivo de discutir essa questão e tentar obter da Conab uma decisão sobre a compra de parte da produção local, o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Iguatu promoveu uma reunião com agricultores, políticos, representantes do órgão, da Fetraece e da secretaria de Agricultura do Município.

A própria Conab chegou a anunciar no final de dezembro passado que iria comprar a safra de arroz pelo programa de preço de referência em torno de R$ 33,00. A aquisição de parte da safra deveria ter sido feita a partir da segunda quinzena de janeiro passado, mas até hoje a compra não foi feita.

Na abertura da reunião, o representante da Conab, Mirton Cabral, explicou que o órgão aguarda a liberação de recursos do Orçamento da União para 2005. “A compra será feita, mas quando a verba for liberada”, explicou. Ele não soube precisar uma data exata, mas espera que a aquisição dos produtos ocorra no fim deste mês.

As explicações do representante da Conab criaram um clima de revolta entre os produtores rurais. “Falta decisão política. O que está acontecendo com o preço do arroz em Iguatu é uma tragédia para os pequenos produtores”, disse José Alves Barreto, que colheu seis mil quilos do produto, na localidade de Cavaco. “Estou pagando juros e aguardando até hoje a decisão da Conab”.

O produtor rural, Francisco Dionísio Teixeira, colheu nove mil quilos de arroz, na localidade de Gameleira, em setembro passado e diz que agora não dá mais para esperar. “As minhas dívidas aumentaram e o preço do produto caiu”, contou. O vereador Mário Rodrigues considerou a situação como um verdadeiro descaso do Governo que demora em efetuar a compra da safra. “Esse atraso vem causando enormes prejuízos, mas ainda há muito arroz para ser vendido”.

Rodrigues explicou a importância da compra de parte da safra de arroz pela Conab. “Quando o Governo anuncia e começa a comprar o produto, os donos de usinas de beneficiamento e atravessadores sobem o preço, cobrindo a proposta governamental”, disse. “Por isso é importante que a Conab comece a pôr em prática o programa”. Ele estima que a saca de 60 kg, em casca, seria vendida no mínimo por R$ 35,00.Sem recursos financeiros para o plantio, os pequenos produtores ficam presos aos agiotas e comerciantes que fazem empréstimos particulares. “Vender a saca de arroz por R$ 22,00 ou R$ 24,00 não dá para pagar o custo de produção”, disse o representante do Conselho Comunitário de Iguatu, Sebastião Alves, que lamentou a falta de apoio para o setor agrícola. “O que foi acordado com a Conab não foi cumprido. Isso é uma decepção”.

O deputado estadual, Marcelo Sobreira, disse que não há mais tempo a perder. “Vou procurar parlamentares do PT e lutar para agilizar de imediato a compra da safra de arroz”, disse. O secretário de agricultura de Iguatu, Valdeci Ferreira, defendeu a organização dos produtores para pressionar o Governo a colocar em prática e no tempo oportuno os programas de compra da safra. “Vamos tentar evitar esse mesmo drama em 2006”.

Para o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Iguatu, Olavo Pinto, a entidade cumpriu mais uma vez o papel de lutar em defesa dos associados. “Sei que muitos estão revoltados com o atraso, mas a nossa função é trabalhar, promover reuniões para tentar obter a solução dos nossos problemas”, disse. “Vamos continuar assim até alcançar os nossos objetivos”.

BOA SAFRA — O preço da saca do arroz deverá estabilizar em março e ter uma melhora de 5% em 60 dias. É o que avalia o presidente da Associação Cearense de Atacadistas e Distribuidores de Produtos Industrializados (Acad), Adailton Pinto Melo. Segundo ele, existe desde agosto do ano passado uma boa oferta do produto no Brasil. Isso devido a safra colhida por Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Mato Grosso. “O Brasil também importa arroz do Mercosul, como Argentina e Uruguai. Influenciando no preço da saca no mercado interno e preço ao consumidor”, explica Adailton.

Por isso, desde agosto do ano passado vem se observando a queda no preço da saca. Nesse mês o valor chegou a R$ 54,00. Em dezembro caiu para R$ 26,00 e em janeiro, chegou a R$ 24,00. “O mais prejudicado é o produtor nordestino e, em especial, o cearense que, mesmo sem pagar frete e nem Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), ele não beneficia e nem empacota o arroz, botando tudo nas mãos do atravessador que faz o preço”, afirma.





Fonte: 24Horas News

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